balanço
no parque cheio de crianças cícero sempre preferiu o balanço. ao contrário das gangorras, dos gira-giras, dos jogos de bola, elástico, e tantos outros que as crianças brincavam, o balanço era o único que ele podia brincar sozinho e assim fazia por horas, balançando abraçado às cordas, esticando as perninhas gordinhas, olhando ora pro céu, ora pro chão. as outras crianças eram apenas parte do cenário, a trilha sonora de gritos. coadjuvantes do grande protagonista do brinquedo supremo: cícero, o ás do balanço.
num dia preguiçoso era um balançar mole e devagar, olhando pro chão e chutando pedrinhas. mas os dias que ele mais gostava era quando vinha correndo pro parquinho, pulava no brinquedo e jogava as pernas pro ar. podia ir alto se balançasse com força, e não precisava de mais ninguém.
até que alguém carinhosamente deu um empurrãozinho com mãos leves, e ele viu que podia subir bem mais alto.
enquanto subia, ele e o céu trocaram sorrisos.