sexta-feira, outubro 31, 2003

Date: Wed, 29 Oct 2003 10:24:46 -0200
Subject: ola rapha
From: "dialeticosdomorro"
To: rapfloyd@yahoo.com


rap é atitude e ze povinho é ze povinho!!!
tamu cagando e andando pra opnião de vo6!!!!
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Dialéticos do Morro
Por Souza
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Assinem nosso livro de visitas (Com Humildade)
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Date: Fri, 31 Oct 2003 07:31:17 -0800 (PST)
From: "Raphael"
Subject: Re: ola rapha
To: "dialeticosdomorro"


Não entendi o conteúdo e o motivo da sua mensagem,
você poderia me explicar, por obséquio?

Em português, por favor.

Obrigado,

Raphael

- Qual é, segundo Virgínia Kastrup, Illya Prigogini e Sueli Rolnick, o projeto epistemológico da modernidade?

Muito obrigado, querido professor, por começar tão bem a minha prova. Três textos, de três autores fodas. Precisa mais?

Ah sim, precisa sim. Pois teve mais quatro desse naipe.

Epistemologia é uma pica no seu cu.

quarta-feira, outubro 29, 2003

um copo.uma xícara. água fervente. café solúvel em pó. açucar. um gosto amargo. forte.

tem um copo de café. um copo de café em minha boca. não é o copo, nem o café. mas o gosto de café em minha boca. forte. amargo. amargo. aquele gosto que fica do café quando você bebe. ou quando você não bebe. o gosto

o gosto impregna nas coisas. nos dedos. nos lábios. nas paredes. nas ruas. nos olhos. o gosto. o gosto amargo e forte de café. agora o gosto impregna meus olhos nos lábios. meus dedos seus dedos nos lábios. o gosto roubado de café em minha boca. tão suave. tão amargo. o gosto roubado do café em sua boca. em minha boca. em nossa boca.

não são lágrimas. é da névoa que flue lânguida liquefeita. são sal. pra adoçar o seu café.




a luz desperdiçada de manhã num copo de café





segunda-feira, outubro 27, 2003



pior do que quando sua esperança morre é quando sua esperança te mata. aos poucos, com requintes de crueldade. olhando no olho e rindo quando enfia a faca lentamente no seu peito. a esperança. a mesma que eu tenho e que me mantem vivo e blá, blá, blá.

e não, a culpa é MINHA, sim. toda minha e isso é foda. pau no cu da esperança.


foto tirada d'aqui.

quinta-feira, outubro 23, 2003

vai ser um post brega, tacanho, cliché e interno, mas é uma coisa muito importante pra mim porque aconteceu algo muito importante em minha vida. não é uma coisa boa, mas é uma mudança necessária. onde referências, realidades, atitudes, planos de vida e aspirações devem mudar. mas vou estar bem acompanhado, porque a parte de mim que tinha ido embora agora está comigo de novo por causa de uma coisinha esquecida minha, mas que hoje é o que segura a minha vida:

esperança


sim, eu tenho noção do quão brega essa minha quebra de texto foi, mas foi preciso porque essa palavra agora é que vai ater os pedaços da minha vida juntos. porque antes de sentar e sofrer eu preciso ter esperança, mas paciência também. e agora as coisas continuam. não como eram antes, mas continuam. porque lágrimas não fazem porra nenhuma, jejum não cria coragem e lamentação não constrói nada melhor. e eu tenho a minha melhor amiga, sempre.

terça-feira, outubro 21, 2003

Breve, num fotolog perto de você...



devido aos malditos 10 minutos máximos de upload/recall/edit do fotolog.net vai ter que ficar pra amanhã. é o máximo que posso fazer nas condições de saúde em que me encontro, volto a escrever aqui assim que puder. e viva o ctrl+c, ctrl+v!

Update:Visitem meu fotolog, seus putos!

domingo, outubro 19, 2003

i do like the drugs, and the drugs likes me.

não fumo maconha. nunca cheirei loló, ou uma carreirinha qualquer. nunca tomei um ácido, um ice, um speed ou ecstasy. não bebo horrores (regularmente) nem fico catando bosta pra fazer chá.
podem me chamar de careta, de limpo, do que for. mas pelo menos desses tipos de droga não sou viciado.

mas se tem uma droga que eu posso dizer que me toma de corpo é alma, essa droga se chama paracetamol, ou tylenol pros mais chegados. não é um vício químico, ou físico. mas emocional. eu sou emocionalmente dependente de tylenol.

não que eu tome todos os dias, ou tenha crises convulsívas se não for sanada minha vontade por um comprimido. mas não dá pra passar o dia sem o conforto de ter algumas dessas maravilhas brancas no armário, na mochila, na necessaire. quando falta tylenol em casa, mesmo não tendo uma dor de cabeça ou dor qualquer, já me dá uma agonia, a agonia de saber que se minha cabeça começar a doer a qualquer instante eu não poderei encontrar o alívio com tempo de ação de 30 minutos.

que se dane meu fígado, um tylenol pra dentro do estômago é o que há contra as agruras de um encéfalo latejante e das agonias do corpo alquebrado da febre ou da dengue. me acompanhando nos meus momentos mais angustiantes, sejam nas gripes, nas rinites, na dengue e outras doenças que já me assolaram. sou feliz por ter você, meu melhor amigo químico.

agora que tou de mal com o ácido acetil salisílico (a vulgar aspirina ou aas), o tylenol foi o único componente industrializado de posologia fracionada que sobrou ao meu lado, para o alívio temporário de dores leves e moderadas associadas a gripes e resfriados comuns, dor de cabeça, dor de dente, dor nas costas, dores leves associadas a artrites, cólicas menstruais e para a redução da febre.

se você também é um dependente emocional do parecetamol, seja do tylenol da janssen-cilag, ou do genérico qualquer, vamos nos dar as mãos e em agradecimento ergue-las ao céu pela existência desse maravilhoso analgésico e antitérmico.

\o/

sexta-feira, outubro 17, 2003

é quando você tá doente que a solidão mais te afeta. os olhos ardendo, querendo ter alguém querido em suas retinas. a cabeça pulsando, cansada de toda a sorte de coisas que te passam quando o quarto é escuro e frio. o corpo febril que tanto deseja dissipar sua quentura com o calor de outro corpo. a face maior do que a cabeça comporta, despejando humores e excreções e convertendo a dor em um olhar lúgubre, inchado e fora de foco.

o pretexto perfeito porém de esquecer que se é vivo e morgar numa cama por todo o dia. de esquecer da aula de psicopatologia geral I a professora cuspindo a baba branca na ponta do lábio pendurada vai cair doenças e sintomas de cabeças desreguladas. mas eu tenho a cabeça desregulada e ela dói e ela está febril agora.

é quando você está doente que a solidão mais te afeta. se numa hora dessas nenhuma química vem até você com copinho e carinho na cabeça enquanto você se engasga. nenhum algodão molhadinho nos olhos. nenhum cafuné. o corpo expulsando seus líquidos violentamente, expurgando a doença em ares quentes que emanam de uma garganta afetada e dolorida.

- vai se foder, sua bicha. é só uma gripe!

quinta-feira, outubro 16, 2003

Resuminho básico dos últimos dias:

-deciminho lugar no torneio de Magic. dancei bonito.

-quadros novos e inéditos do Renoir, R$80,00. do Picasso, R$100,00.

-pregador no ônibus, tirano os home e as mulé dos pobrema ca paravra de Deu

segunda-feira, outubro 13, 2003

auto-análise bloguísta #127

é difícil manter uma certa consistência nesse blog da maneira que eu quero. se pudesse, teríamos aqui um post diário. mas nem minha capacidade de construção nem sua resistências testicular são capazes de imaginar isso agora. e eu ainda cismo de colocar esses post gigantes e mal feitos, falando sobre assuntos que apenas interessam a duas pessoas (geralmente eu e mais outra) e que vão do nada a lugar nenhum e nem servem um lanchezinho no caminho.

entretanto, eu comecei coisas nos últimos posts que eu penso terem sido relevantes para mim pelo menos, seja publicando as pequenas e absurdas historietas escritas durante as enfadonhas aulas de psicologia, seja falando minhas opiniões sobre música para sanar minha frustração em não ser um badalado jornalista musical, ou seja ainda apenas melhorando o meu blog (ou piorando para alguns) com mais links interessantes e mudancinhas no template.

o fotolog não me rouba tempo algum, afinal é o maior embuste da história. porque não tenho máquina fotográfica e as vezes (muitas aliás) apenas procuro uma foto aleatóriamente apenas para aproveitar o limite de uma foto por dia. é, desmistifiquei o flog.

o que realmente me atrapalha é esse momento especial em minha vida. formou-se uma casca em minha volta que lentifica minha volição (lindo isso não? psicopatologia rules!), e meu pensamento parece precisar de um pouco de óleo. quase nada de bom ou ao menos aproveitável sai de dentro da minha cabeça sem um esforço inumano. seria tempo de parar com o blog (coisa que já fiz, e um bocado) mas prefiro continuar. reciclando textos antigos (como o texto não lido por ninguem sobre a cegueira) ou apenas criando assunto falando sobre alguma coisa irrelevante.

e salve o draft! que ferramenta ótima. pelo menos quando eu travo na frente do blogger agora tenho a possibilidade de deixar as idéias aqui fermentando e ver o que sai mais tarde. um dia eu uso isso a meu favor.

é isso. mais um post inútil.

domingo, outubro 12, 2003

Edith Piaf, de tragédia e ilusão...



A parisiense filha de um princípio de século belicoso e destruído conquistou o mundo do alto de uma voz que a elevava à estatura que não tinha.

Nascida em 19 de Dezembro de 1915, filha de dois artistas circenses, Edith Giovanna Gassion fazia sua estréia no mundo debaixo de uma lamparina à gás, numa rua fria e desolada da noite em Paris. Sua história convidaria à olhares descrentes e certamente figuraria nas grandes obras de ficção se não fosse verdade.

O pai, Louis, era acrobata e serviu na primeira guerra mundial. A mãe, Anetta, uma cantora que por anos teve de se sustentar cantando em cafes e halls pela cidade, logo a abandonou aos cuidados da avó alcóolista. Louis, ao voltar da guerra, encontra a pequena Edith muito doente e maltratada nas mãos da mãe de Anetta e a leva para morar com sua avó paterna, Albeit, uma cozinheira de um bordel na Normandia. Adotada pelas putas e pelos cafetões, a mascote Edith criou-se num ambiente boêmio e desestruturado, no pior lugar em que uma criança poderia estar.





Aos seis anos, mudou-se com o pai para um hotel perto de onde nascia. Era sua primeira volta triunfal à belle Paris. Trabalhando nas ruas com seu pai, cantando e entretendo as multidões desenganadas e desesperançadas numa cidade cujo brilho era opaco frente toda a destruição da guerra, Edith passou anos na pobreza e no sofrimento. Até que alçou seu primeiro vôo solo.

As ruas de Paris foram seus primeiros palcos, atraindo seus primeiros espectadores, Edith cresceu seu nome quando postava sua voz melancólica e áspera. A lenda nascia do ambiente degradante que desde cedo Edith frequentara. Putas, cafetões, gangsters, era neles que ela encontrava um "abrigo" para todo o sofrimento que ela encerrava em seu pequeno corpo frágil. Depois das perseguições moralistas, de séries de derrotas e vitórias, Edith foi construindo sua carreira baseada nas belas canções que compunha - e que refletiam a vida triste e a pobreza em que viveu - e chegou a se tornar a estrela mais bem paga do mundo, vendendo milhões de discos numa época em que isso era um luxo para poucos.



Apesar da fama, seu coração sempre esteve ligado àquele ambiente degradante da suburbana Paris, dos bordéis e cafes, e foram vários os homens em sua vida, como foram várias as decepções e derrotas com a vida que desde cedo pregava suas peças nela. Morreu pobre, vítima de sua vida. Mas deixou canções eternizadas, fotografias sonoras de uma gama de sentimentos que nos tempos modernos não se encontra parâmetros.

E para quem também ainda se emociona com ela, um documentário muito bonito, recheado com imagens da cantora em vida e da Paris da época está passando essa semana no GNT.



Documentário que mostra a vida da cantora pela perspectiva de seus numerosos relacionamentos amorosos. De Paul Meurisse a Charles Dumont, passando por Yves Montand e Marcel Cerdan, seu leque de affairs é substancial. E as canções de sua vida sempre estiveram ligadas a seus amores.
domingo - 12h30
terça - 20h00
quarta - 02h00
sábado - 12h30


Edith Piaf faleceu em 63, deixando um legado eterno.

conheça mais sobre ela aqui

sábado, outubro 11, 2003

recebi hoje um email do irmão do ex-ditador da Libéria, Charles Taylor



Charles Taylor, ex-ditador liberiano.


me oferecendo uma módica quantia para que o recebesse aqui em casa e o ajudasse pra mode dele negociar.

- Como assim módica?

20% de algo em torno de US$28 Mi...

- US$ 28.000.000,00 ?!?

segue-se abaixo o email, caso vocês duvidem.

From: "FROM PRINCE WILLIAMS TAYLOR." [princewillams771@z6.com]
Date: Sat, 11 Oct 2003 04:35:44 +0500
Subject: TREAT URGENT PLEASE.
ATTN:C.E.O/PRESIDENT. I know this message is going to surprise you,
considering that I am unknown to you, but I want you to know that this
email is sent with all good intentions in mind. My name is Princewilliams
Taylor, a Liberian and a younger brother to the incumbent president of
Liberia, Charles Taylor, who is about to be exiled from the country. I
have been delegated by Charles to leave Liberia for Dubai united arab
emirates with the sum of (US$28.M) Twenty-eight million United States
dollars, and from Dubai united arab emirates look for a trustworthy
person who will assist me with the transfer of the fund out of Dubai united
arab emirates to a country where we can invest, and resettle in. Now,
if you decide to assist me, first I will demand absolute confidentiality
for my brother?s sake and I want you to know that for your assistance
you will be compensated with 20% of the Total sum. 10% for expenses and
the remaining 70% you will help me for investments in your country
Please, you can reach me through the following phone numbers listed below.
And it is also important you give me your confidential phone and fax
numbers on indication of your interest in the transaction. so you can
reach me through my private telephone which is +971.50422.5106 or e-
mail-princewillams77@z6.com Best regards, PRINCEWILLIAMS TAYLOR.



Esse é o bróder do Charles, o Williams. Gente boa...


então, minha casa tá uma baguuuunça...aceito ou não?

quarta-feira, outubro 08, 2003

mudanças no template do blog:
adicionei links para os sites das minhas bandas e artistas favoritos. vejam como eu mando bem.

UPDATE:Template dos Comments modificado + links corrigidos

Devo não pago, nego enquanto puder...

depois de 6 meses de inatividade bancária, eles me intimaram a comparecer ao banco, "preocupados" com minha situação financeira e, é claro, com os R$ 18,90 que eu devia pra eles. primeiros tensos momentos de experiência com a realidade do mundo moderno (e do adulto). mas agora pelo menos sou um cidadão limpo, honesto, com R$ 5,10 na conta e livre da preocupação com o SPC e congêneres. off the black list.

don't cry for me argentina...

terça-feira, outubro 07, 2003

banho. [Do gr. balneîon, pelo lat. balneu e pelo lat. Vulg. baneu.] S.m. 1. Imersão total ou parcial do corpo em líquido, especialmente água, para fins higiênicos, terapêuticos ou lúdicos.

o banho. um ritual comum a todas as sociedades (umas mais devotas e outras nem tanto). o ato de limpar o corpo, geralmente com água (ou leite, vide Xuxa) e sabão (ou sabonete, se preferir).

o banho no final de minhas terças-feiras é um evento sublime da minha experiência. Um ritual sagrado e meticuloso. Um fenômeno orgasmático e demorado. Porque é quase divina a sensação de extirpar todo o peso e o sebo do dia de minha pele. Extirpar aquela sensação quase gordurosa e sulfurosa que chega a imprimir na alma uma cobertura visguenta de inquietação e desprazer. O gosto ácido e azedo que impregna a boca do ar carregado de fuligem e desagravo, do mormaço que sobe do chão sujo e desgastado pelas chinelas que se arrastam no vai-e-vem ocupado do dia inteiro.

Um banho depois de tanto tédio e tanta raiva, depois de tanta terra e tanta fumaça, de tanto andar e desandar. Um banho para arrancar a tarde como se arrancasse uma segunda pele de mim. Um banho pra esquecer, e deixar fluir pelo ralo o que me destrói um pouco a cada dia. Um banho para afogar em água quente o fantasma da terça-feira finda, e ver na espuma que escorre lentamente um pouco do eu que sobrou.

finda essa terça cinza...

segunda-feira, outubro 06, 2003


e o show da Maria Rita Mariano, você viu?

pois é, passou tarde. mas passou.



contrariando as primeiras impressões que tive da Maria Rita, devo dizer agora que das "novas promessas da música brasileira" ela é sim uma grande e promissora intérprete. talentosa, magnética e - porque não? - bela e intensa.
talvez o hype em torno dela acabe por desvalorizar ou saturar a sua imagem, mas hype por hype, esse é o melhor que já houve nos últimos anos da mpb. os tribalistas não valem um peido em si bemol da moça.


Maria Rita, em si bemol


a tríade baixo + piano + bateria são mais do que suficiente para servir de fundo para a voz pungente da cantora, e qualquer outra intervenção, seja percussionista ou violonista, talvez se passe por supérflua (e até desnecessária) mas emolduram com fineza as nuances e sutilezas do estilo de cantar de Maria Rita, suave mas com uma firmeza difícil de se encontrar nas estridências comuns às cantoras populares brasileiras.


seu primeiro álbum


seja interpretando emocionantemente canções de Milton Nascimento ou Marcelo Camelo, ou subvertendo em uma versão bossa-nova de Veja Bem, Meu Bem, dos Los Hermanos, Maria Rita imprime personalidade às músicas. mas batendo na mesma tecla de toda a crítica (e ruindo de vez com qualquer criatividade que esse texto possa ter possuído), é impossível não sentir a presença de Elis Regina ao ouvir Maria Rita Mariano. Filha da cantora com o pianista e arranjador modernóide César Camargo Mariano, Maria Rita é sem dúvida uma artista de talento (ao contrário do outro filho, ugh) mas é inegável que seu estilo é bastante parecido, sua voz, seu rosto, seu jeito de cantar... mas ainda assim, é um jeito próprio. como só os filhos tem o seu jeito de emular os pais sem serem canalhas. e sendo Elis Regina uma das cantoras mais emuladas da música brasileira, Maria Rita tem o trunfo de não ser ela uma mera cópia, um "filho de peixe" apenas, mas sim uma cantora muito boa e singular no seu jeito. pontos pra ela.


sofisticada e chique, reparem o óculos


mas e você viu que mais do que chique o óculos roxo da menina combinando com sua camisa roxa?

pois é, tava lá também.

domingo, outubro 05, 2003

esse é mais um texto da série "textos que escrevo quando não presto atenção à aula". são pequenas coisas que escrevo em meu caderno quando o tédio inquietante das aulas me leva a um lampejo criativo qualquer. bom ou ruim. às vezes são influenciados por uma palavra qualquer que o professor profere e me leva a um estalo, ou apenas são coisas pelas quais passo no momento. o texto a seguir se deve a um momente desse ano em que minha vista andava meio nublada (mais que o normal) e eu, na minha paranóia infantil e idiotica, achava que era alguma doença incurável e que por fim me levaria a cegueira. era apenas a necessidade de óculos novos. segue o texto:


Sobre a cegueira


Recentemente adquiri mais um novo medo a minha já extensa coleção de medos e inseguranças cotidianas: o meu maior medo hoje é de ficar cego. Tá isso é um medo comum a todos com olhos, mas fora os já doentes e aqueles que não olham pra onde enxergam todos apenas nutrem esse medo como todos os outros medos que jazem tranqüilos (mas imprevisíveis) nos recônditos mais escondidinhos lá no fundo da alma, é tal qual o medo de animais selvagens e peçonhentos, de cavernas de ares venenosos, e de astros conspirando contra seus pequenos admiradores.

Meu medo de ficar cego é tão medo quanto o medo qualquer de qualquer um. Mas ainda assim é mais medo que o dos outros porque é meu e eu tenho os meus motivos meus e só meus que me fazem crer que eu realmente possa ficar cego. Nada ainda quantificado, diagnosticado e banalizado por um profissional respeitado e competente provido de lentes e mais lentes e de gotas e mais gotas (gotas essas que só da parca memória já me causam mais agonias da pura possibilidade do ato de “quase” ficar cego, ou do processo da cegueira em si).

Meu medo de ficar cego é tão forte e tão arraigado que até cercado de animais selvagens e peçonhentos, encurralado contra cavernas venenosas e com o céu a pipocar e a rasgar-se em cores e formas, eu tenho mais medo ainda de nessa exata hora que as metafísicas conspiram contra um pequeno e assustado eu, eu fique cego e mais perdido que o mais desafortunado dos náufragos.

E talvez esse meu medo da cegueira seja apenas um reflexo meio sujo, meio triste, meio exagerado de minha simples fraqueza. Pelo menos de uma delas. Acho que divido essa fraqueza com os milhares como eu, os que usam óculos. Como se usar óculos (por uma necessidade infeliz da natureza) nos sindicalizassem todos e nos tornasse uma grande e infeliz família de quatro-olhos, padronizados e com características em como. Uma subespécie humana.

A fraqueza de usar óculos já aumenta meu medo na mais flagrante característica nossa: já somos, per se, quase cegos. Ou pelo menos com menos visão do que belos e felizes não usuários de óculos. Prefiro não entender os distúrbios de visão como “apenas uma distorção da visão comum” mas prefiro ainda classificar-nos como cegos privilegiados, que apenas vislumbram o mundo das luzes através dos borrões e manchas móveis, disformes e não nítidas. O meu copo está meio vazio.

Por já ser um cego privilegiado, mas ainda assim um cego em potencial, eu fujo da cegueira como se nem mais respirar importasse, como um rico que foge da pobreza, um upstart deficiente físico que pesadela em se tornar um mendigo aleijado. Mas mesmo assim, como um Fausto desgraçado por deus (e não pelo tinhoso) eu sinto que o derradeiro momento como o melhor dos cegos há de chegar. Tão retumbante como a queda de Roma (que de tão devagar, antes de se notar já tinha caído).

Porque se os olhos são o espelho da alma, eu que já nem tenho uma própria ainda corro o risco de perder a capacidade de refletir a dos que macaqueio a meu modo. E meu olhar vago para o infinito se voltará agora para o nada. E as formas que aparecem no fundo das minhas retinas fugirão como os ciscos que saem pelo canto dos meus olhos. E um olhar profundo qualquer não desvendará nada alem do que a inatividade do fundo do meu globo ocular.

Não que os cegos são os mais desgraçados dos seres que jamais pisaram nessa terra. A felicidade deles independe de cada palavra antes dita por mim. E eles transitam livremente pelo mundo das minhas coisas vistas (ou quase vistas) com dificuldade, mas cheios de uma coragem sem igual. Uma coragem que eu não tenho. A coragem que eu não tenho de confiar nos meus próprios passos num escuro eterno; a coragem que eu não tenho de confiar nas pessoas apenas por suas vozes; a coragem que não tenho de sorrir sem se importar com quão idiota sua cara fique ao sorrir. Não também que ser cego é bom, apenas não tenho coragem suficiente para ser cego. Coragem de visitar o mundo deles tão tranqüilamente como eles transitam pelo meu mundo. Mas eu não sou cego, eu não sei realmente.

O que sei é que sou um fraco vivente que quase vê. Um fraco e ridículo quase homem que se importa se sua roupa combina. Que se importa se seus quilos a mais incomodam os que o vêem. Que se importa em sorrir com um pedaço de alface preso nos dentes. Que se importa com seu sorriso idiota e besta, e prefere não sorrir as vezes. Não ser cego não é para fracos que se importam. Ou talvez seja, como um castigo cruel e sádico do vosso bondoso deus.

Mas se meu fim é ser cego, de que adianta tantas letras e linhas se no fim, serei cego? Talvez porque no fim, antes do último fiapo de luz riscar minhas opacas pupilas já tenha pensando tanto na cegueira que ser cego já será uma parte de mim. E serei cego então.


19/05/2003 – 17:41 h
à luz de lâmpadas amarelas.

sábado, outubro 04, 2003

1+1=5


foi então que eu descobri que eu tinha duas almas...

mas isso era óbvio, afinal explica muito bem todas essas dúvidas que eu tenho. eu sei disso porque eu mesmo não gosto daquele pijama azul, mas às vezes o eu-que-não-sou-o-eu-agora me engana ao se enganar sobre o pijama. Ahm como eu odeio aquele pijama azul!

é ainda pior quando é dia de chuva. eu mesmo quero ficar em casa, mas saio porque comprei um guarda-chuva. afinal ele também precisa de algo para ser o que é. não como eu que quase não sou.

e é quase mais difícil ter duas almas quanto...falar é difícil também, não porque catar as palavras do vazio seja difícil, mas mais ainda é quebrar a barreira e lançar a palavra para o não sei. ainda mais quando o outro-eu erra quando eu estou certo, ele mente quando eu falo a verdade, ele é torto mas eu estou ele. e nele está em mim.

e quando ele veste o pijama azul olha lá! eu andando pra frente! falando e gesticulando e tropeçando em mim...

eu sei desde a escola que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço. mas e porque dois lugares podem ocupar o mesmo corpo? porque eu sou brasil e ele é ceilão, eu fico e ele vai, eu aquio e ele láreia.

mas se na dúvida ele surge, na certeza eu que sumo! entào é que eu duvido quem sou ele e quem é eu. vou dormir em meu pijama azul hoje...