quinta-feira, agosto 24, 2006

na verdade tudo o que a gente precisa é apenas cagar, mijar, arrotar e peidar e das coisas que nos fazem cagar, mijar, arrotar e peidar. o resto do universo é só o que nossa mente brinca.

esse é o meu dharma para vocês, e eu sou o maldito bodhisattva da desrazão desmedida lendo kerouac.

terça-feira, agosto 08, 2006

another day's gone by, and i've still got all my pieces in place
i have to say that i'm amazed,
i've been fooling traffic and alcohol, cigarettes and medicine
and so on
i've done it all, and i'm still going strong
but, there's no doubt about it, this city holds a lot of thrills

OTTESEN, janove. "this city kills". in: francis lonely nights.
black porch music - noruega, 2006.


(not being jack hawksmoor)

a cidade é como um deus faminto levando como sacrifício tudo o que pode de mim. levando meu ritmo, levando minha pele, levando o meu som e o que sobrou de minha vida. a cidade oferece todos os seus milagres que eu não sei se quero, mas a cidade faz com que eu aceite. tem dias que a cidade é apenas um túmulo gigantesco que abarca todo o mundo que se vê, um cemitério de coisas que ainda estão quase vivas. as pessoas andando por entre enormes sepulturas de cimento, vidro, asfalto, ferro e plástico. toda cor é fora de contexto e supérflua. todo barulho é alto e irritante. toda vida tem que lutar pra sobreviver entre as rachaduras do chão, entre carros e ônibus, andando no sol de um lado pro outro, sem sentido algum. a cidade é como um deus faminto que requer o seu ritual, e o ritual da cidade está no gesto vazio. no olhar cego. na surdez das vozes que realmente falam. no mutismo para com os ouvidos que precisam ouvir alguma coisa. a cidade é nulificação do que nunca existiu na cidade, essa é a afirmação quase cruel da obviedade. existe tudo na cidade. tudo o que ela quer que você queira. tudo que ela quer que você precise. tudo que ela quer que você não consiga viver sem. a cidade é o deus-monstro, devorando yhwh, allah, buda, muhammad, iesu, brahman, moses e ego. devorando e regurgitando. devorando e transformando em lixo. em papel picado. em esmola. em piedade da cidade, aquela que deixa morrer de frio depois de um pão no sinal. a cidade corrompe e deslumbra. a cidade é o progresso de alguma coisa que transforma degeneração em desenvolvimento. a cidade diz pra onde eu devo ir. como eu devo ir. que horas eu paro. que horas eu sigo.


a cidade tem eu e você separados por tantos e tantos sinais.



(na verdade eu queria escrever sobre uma árvore)