estou de volta, mas apesar de ter passado por uma crise abstêmica por esse mês e pouco sem computador, não sinto prazer algum em ter ele de volta. o que preferia chama de “meu” computador já não existe mais. agora esse é só mais um computador. tudo isso porque tudo o que fazia dele o “meu” computador agora é uma lembrança já nostálgica. eu perdi tudo o que fazia daquela máquina um pedaço de mim, onde eu depositei tudo o que minha péssima memória não conseguiria guardar, e tudo de melhor (e de pior) do que ela já produziu. até aqui esse é algo mais parecido com um lamurio imbecil, dramático e patético de um nerd, mas esse é o mundo moderno, baby. para alguns, computadores são extensões de suas vidas sociais (ou não-sociais, como preferir). levando em conta que foram 3 ou 4 anos de memórias (ou sendo matemático 8 gigabytes) em pequenos fragmentos de varia madrugadas mal-dormidas (ou não-dormidas, às vezes).
muitos dos que agora visitam o meu blog talvez entendam como é o sentimento, mas pra quem já está me achando um espinhento que precisa de uma dose de vida real (ou uma pitada de sexual), mais um nerd infeliz e patético, bem talvez ajude compartilhar o que eu perdi, enquanto eu me martirizo de lembrar o quanto menos vou ser a cada coisa que me lembrar.
pra muitos já bastaria saber que perdi quase 60 discos completos em mp3, mais quase todas os lado-b do radiohead, mais fotos e arquivos com songbooks de várias bandas e centenas de outros mp3s diversos (totalizando quase 7 gigas). isso já seria suficiente para parar o coração e sentir uma pontada quase que na alma, só levando em consideração a quantidade de horas que passei para juntar tudo isso. some-se isso a vídeos e clipes (ah, e mais alguns animatrixes que me custaram 3 dias de sono) e já seria o suficiente.
mas isso não foi o que doeu mais, de verdade. apesar de saber que nunca mais vou recuperar esses discos (alguns raros, alguns de estimação, alguns de importância histórica), discos em mp3 são coisas que você poderia recuperar. agora meus logs, toda uma não-vida semi-secreta que desde os 17 anos eu cativei nas minhas insones madrugadas na internet, todas as memórias de amigos que foram e que permaneceram, toda uma fonte de intrigas e paixões. toda uma vida, algo que fui por muito tempo. isso eu nunca mais recuperarei. não só isso, como também as mais de 1500 fotos que deram cara à pessoas que talvez nunca verei. mas que só de ter uma foto já me sentia mais próximo. isso eu nunca mais recuperarei. assim como vozes que talvez que nunca ouvirei diretamente nos meus ouvidos, mensagens de amizade, musicas e brincadeiras, etc.
não só lembranças de outros, mas lembranças de mim mesmo. todos os textos que escrevi, todos os trabalhos que eu fiz, e o mais importante de tudo, talvez das coisas que me fazem mais falta: todas as minhas musicas, e toda a historia em mp3 da esse lado para baixo. dói só de pensar que daquelas coisas, provavelmente tudo será perdido para sempre. não que isso jamais fará falta no mercado da musica mundial, mas eram coisas que daqui a alguns anos eu poderia gostar de ouvir. e que eu me orgulharia de ter feito algo do tipo. além disso, os próprios posts antigos do ai!minha santa aquerupita! já que o serviço de archiving do blogspot não dá trégua. bem, tudo isso já era.
existem ainda as coisas menores, sem valor sentimental, mas que com certeza terão sua falta sentida. isso inclua todas as maravilhas da industria de softwares. de jogos a aplicativos diversos, que faziam minha vida um pouquinho mais fácil.
e pra quem pensava que esse blog tinha sido sumariamente esquecido e abandonado, bem, eu estou de volta. mas agora, de novo computador. em branco, agora tudo começa do zero.
obrigado por ainda visitarem, esperem mudanças (mas não muitas).
