quinta-feira, abril 17, 2003

Meu dia de Floquete

Essa segunda-feira passei por um dos momentos mais cruciais na vida de uma grande parcela da população feminina. Encarei o sofrimento com a resignação que um grande macho como eu tem. Coisa para poucos...
Enfrentei um aliado, mas ao mesmo tempo, um perigoso inimigo das fêmeas. E com a audácia que me é característica, juntamente com os grandes e altivos colhões que possuo, fui de peito aberto para o embate final: Fiz escova e chapinha no cabelo.

...apenas para fins antropológicos.

Infiltrei-me no covil do inimigo, peitei a dor de queimaduras na testa e arquei com a trabalhosa e, porque não hercúlea tarefa de manter minhas madeixas secas como a moleira de um beduíno.

Como mido 1,85 de altura, e estou com a pança meia crescida, tive de arranjar um meio de me infiltrar sem ser notado. Arranjei o melhor disfarce possível. Glitter laranja nos olhos, lápis, estrelinhas coloridas na barba, testa e bochechas. Tudo com o já manjado disfarce-padrão: gravata roxa com rosa e jaqueta de tecido brilhante. E daí fui pra festa de Aline, tudo nos conformes.

Bem, agora compreendo como é ser uma mulher com M e com escova e chapinha. Me sentia uma diva, tinha poder em meus cabelos, tinha força. Meu cabelo estava TUDO. Até o momento da frustação. O suor que escorria da minha testa, como lágrimas de um deus perverso, destruiu tudo o que foi construído em mais de uma hora de secador, escova, e prancha de ferro. Meu cabelo virou um LIXO.

Deve ser a maior frustração que uma mulher pode passar...seguida de um aborto espontâneo e a perda do útero. Agora entendo as mulheres que passam dias tomando banho-tcheco, as mulheres que correm desvairadas de uma chuvinha qualquer, as mulheres que passam festas inteiras com seus pescoços inflexíveis e inertes, as mulheres que não saem se o clima tiver úmido. Eu entendo todas.

Eu sou menos sem minha chapinha.






...E agora Lígia, eu posso?




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