love is suicide
escrever sobre amor é a coisa mais inútil que existe. e além de inútil, é idiota. porque primeiro antes de tudo, tentar expressar em palavras um sentimento de caráter tão abstrato impede qualquer definição possível que não recaia num reducionismo e simplicidade desrespeitosos. segundo porque quem escreve sobre amor ou é um frustrado ou um cínico, quem ama, AMA. não pára pra escrever sobre isso. terceiro, o fru-fru linguístico, o fricote semântico e principalmente o armengue estilístico acabam por transformar QUALQUER escrita sobre amor num compêndio, almanaque, coletânea e top-top de clichês, breguices, pieguismos ou PIOR ainda, transforma-se num texto de martha medeiros. por último, que DIABO é o amor mesmo? uma convenção cultural pra alguma parada biológica inexplicável e individualmente - ou melhor - ONTOGENÉTICAMENTE variante que vira e mexe transforma QUALQUER coisa em Coisa quando você menos precisa e - mais importante - quando você menos QUER. por isso escrever sobre o amor se torna inútil, e tudo que já se escreveu sobre o amor se torna fútil. por mais vinícius de morais que você seja, é todo um universo simbólico que o vernáculo camãozístico não tem as manhas de CAPTAR.
talvez seja por isso que vem do anglo-saxão uma das paradas mais MAIS com o amor: love is suicide (CORGAN, W. P. - Bodies. in: Mellon Collie and The Infinite Sadness. Virgin Records - Chicago:1995). pelo menos simbólicamente, e às vezes LITERALMENTE: amor é suicídio. suicídio simbólico do eu em favor do Outro, até muitas vezes uma entrega asceta àquele. o amor pode ser um estado alterado de consciência. ampliado? bem, falar muito acabaria entregando esse texto aos próprios leões que ele soltou. então chega de falar de amor. amo apenas.
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