quinta-feira, abril 16, 2009

i'll swallow until i burst
until i burst
until i


depois de quase um mês a coisa não sai do corpo e não sai da cabeça e não é digerido ou metabolizado ou expulso pelo corpo em suores ou falas ou gestos e nem se dilui nos humores e nos sangues em veias e artérias. a coisa engrossa e se quer sair, sai pelos olhos em gotinhas miúdas e cheias de oco no peito. quase não sai. nem se tento abrir o parêntese pra falar como eu, consigo -já é tempo que consegui expulsar esse último personagem dos meus contos e novelas. e são os anos de quarto escuro ou claro quente sempre e sozinho tantas vezes. enchendo o ar ressoando nos móveis paredes e no corpo - pois é vibração. embalando um sono, entoando um grito, acompanhando qualquer sentimento besta ou impressionante, qualquer revolução ou resignação, qualquer coisa boba que dez anos de uma vida curta possa trazer, cheia dos exageros que fazem a pessoa e a idade.

da experiência o que se apaga é o tanto de suor aperto sede desconforto e dor, sim, porque o corpo ainda dói. lágrimas as vezes não doem, e quase nunca se esquecem. e nem é por tentar florear o que na verdade foi só o que foi: não foi só o que foi nem nunca poderia ser porque não foram só dois aviões alguns ônibus metrô trens e taxis que me levaram até lá. foram eles e os tais dos dez anos e as tais coisas bestas que me arrastaram pelos cabelos, pernas, lágrimas e qualquer coisa que ainda bata aqui. enfim, enfim.

não foi só o que foi.

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