sexta-feira, outubro 12, 2012

bridge over troubled water

existe um quarto. existe a parede. existe o outro quarto. talvez por fissuras ou pela fineza da parede. talvez pela característica acústica do material. talvez pela pobreza na qual foi erguida. talvez os anos evaporaram a tinha amarelada. talvez os ratos tenham feito caminhos tortuosos em seu bojo. talvez as traças ou cupins. existe um quarto. existe a parede. existe o outro quarto. talvez já tenham pegado o mesmo elevador. talvez o lixo já tenha ficado junto na coleta. talvez as baratas que os frequentam sejam as mesmas. talvez no corredor. talvez na portaria. talvez no ponto de ônibus. existe o quarto. ele sabe que existe a parede. existe o outro quarto. ela olhava para a parede agora. o que une e o que separa. dividem algo em comum. a parede. não sabem nada um do outro. a parede. talvez por fissuras sinta o cheiro. ou pela fineza da parede escute o ronco. talvez pela característica acústica do material a voz não seja a mesma. talvez pela pobreza na qual foi erguida saibam que um empurrão e adeus. talvez os anos tenham evaporado a tinha amarela e eles tenham respirado vapores tóxicos por todo esse tempo. ou os ratos que fazem caminhos tortuosos os desdenham igualmente pela inabilidade de acabar com eles. talvez as traças e os cupins. talvez um quarto, talvez uma parede. talvez um outro quarto. dividem algo em comum que os separa. são unidos pelo que os isola. talvez um quarto. talvez uma parede. talvez um outro quarto.

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