domingo, março 23, 2003

Hoje tive uma experiência surreal, quase dantesca. Assistir televisão aos sábados é um programa quase transcendente, perdendo apenas para assistir tv aos domingos, e hoje eu presenciei algo revoltante.

Não que a pessoa que eu vou falar agora goze de alguma reputação, mas hoje ela alcançou um patamar de escrotice e filha-da-putice que apenas João Kleber e Gugu tinham alcançado.

O nome do distinto filho-da-puta-escroto é Gilberto Barros , o Leão.



Seu programa, o Sabadaço , nunca foi nem nunca vai ser um programa considerado alguma coisa. É em suma uma cópia barata de todos os programas de auditórios já feitos, com inovações imitadas dos mesmos programas de auditório já feitos, adicionado ao fato de que é apresentado por um gordo escroto, feio, chato, idiota, mentiroso, falso e que fica suando feito um porco e tentando dançar com as suas dançarinas semi-prostitutas, o que resulta, é claro, em algo patético e que incita ao riso, no máximo.

Pois bem, o tal senhor Gilberto Barros é um ser que não demonstra a menor qualificação e não se presta ao menor respeito. Imagine agora quando um ser de tamanha estatura se junta ao supra-sumo do que há de pior e mais nojento na “cultura” brasileira?
Pois bem, o senhor MC Serginho foi ao programa Sabadaço essa tarde. E eu, enquanto zapeava instintivamente os canais da minha querida e amada televisão à cabo, me deparo com os dois na televisão.

“Ah! Mas o tal MC Serginho vive aparecendo na televisão, todo domingo mesmo ele tá no Gugu com milhares de pessoas semi-nuas dançando como se no cio”.

Mas dessa vez, foi um momento muito mais trash, quer dizer, muito mais trash é impossível, mas essa cena nós estamos mais acostumados. Vocês conhecem aquele tipo de programa que o Gugu imitou do Faustão que imitou de alguém por aí, no qual um artista famoso é convidado para o programa para ver parentes e amigos falando tão bem deles, e chorando tanto, que fazem os artistas chorarem e agradecer a Deus, e abraçar todo mundo?

Imaginaram a cena? MC Serginho abraçado com Lacraia, que mais tarde são enlaçados por Latino (!?) que os chama de irmãos e depois mais uma banda de pagode chorando, a mãe e a filha de MC Serginho chorando, os convidados do programa emocionados, e uma musiquinha de amor no piano irritante. Agora somem tudo isso à figura escrota e degenerada de Gilberto Barros e deixem isso rolando na tv por horas e horas...Pronto.

Recentemente eu tive o desprazer de ter em mãos um disco de MC Serginho, Lacraia e companhia. Se vocês só conhecem o trabalho dele na TV vocês não fazem idéia do que é realmente o trabalho original do puro MC Serginho, sem os cortes e a censura das “pudicas” televisões brasileiras. Ele é muito pior do que aparenta. Clássicas frases de músicas suas foram censuradas, como uma no A Dança do Viado, que é completamente chupada da “Dança da Bundinha”, e é conhecidíssima pelo refrão “vai Lacraia, vai Lacraia!”, nessa música, Lacraia canta “eu te dou um dinheiro, cê come meu rabo” e repete ad libitum.

E fica claro como tudo é falso na televisão. Não que eu ache que alguma coisa seja verdadeira, mas dessa vez, eles realmente não tem o menor pudor em se mostrarem em toda sua falsidade e nojo.
Tinha uma socialite como convidada ou jurada, que virou apresentadora de televisão mas que eu não sei o nome, que simplifica tudo o que eu disse com o seu depoimento depois de ter visto todos os parentes e amigos emocionarem o MC Serginho, que nesse momento chorava e soluçava, abraçado à Lacraia.

“Vocês dão alegria ao Brasil com uma coisa tão bonitinha, tão família!” (Socialite Carioca que eu abomino)

Eu fico pensando, que coisa mais família, não? Tipo aquela música dele: “Abre as pernas, não se espanta, vou gozar na sua garganta!”

Mas não foi só a socialite-carioca-apresentadora que deram uma palavra de apoio ao MC Serginho, não:

Gil, da Banda Beijo: “Vocês são muito queridos no Brasil, em Salvador todos dançaram com vocês! Todos te amam!”

Latino: “Você é irmão, Serginho” (choro)

Lacraia: “Ele pra mim é um pai, é um irmão, é um amigo....ai não dá pra falar mais não...” (choro convulsivo)

E por fim, Serginho, chorando, soluçando, mostra o seu real propósito nessa terra:

“A minha vida toda é determinada por Deus, e Deus é só coisa boa, né?
Eu não faço isso por dinheiro, eu faço pela minha família...E agradeço a Deus por essa missão que Ele me deu...”

Tomara que a televisão brasileira tenha atingido o seu limite...Como descer mais?
Já não bastava idolatrar um maníaco machista, idiota, pernicioso, ignorante e semi-analfabeto que (junto com outros, é claro) abaixou ainda mais o nível do lixo “cultural” brasileiro, mas a televisão agora quer passar uma imagem santificada e inocente dessa mesma aberação?

E aposto que milhares de telespectadores choraram emocionados com a história de vida desse rapaz pobre, humilde, que canta coisas bonitinhas e família como “goza na boca, goza na cara” e “eu gosto é de xereca grande”.

Cada vez mais eu odeio televisão aberta e funk carioca.

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