quarta-feira, setembro 29, 2004

cartas alcançavam o mundo mas não disseram nada. havia sido lançada a base de toda infelicidade do mundo em uma só remessa, lacrada e selada com o brasão da tristeza e fracasso. empacotada à força por mãos solitárias e sedentas por outros braços e costas. curvadas sobre costas solitárias e sedentas por outros braços e mãos. os olhos abriam em mundos solitários e fechavam abertos em terras hiperpovoadas. mãos, braços e costas. e olhos abriam de novo e de novo no clarão amargo de novos dias. todos os dias. mãos à pena, sem piedade. força pra baixo, pros lados, de dentro pra fora e cartas se faziam. e mundos se desdobravam todos os dias. de ois e de novas, boas, más. de adeuses-mundos-cruéis e de sinceros perdões. e insinceros também. tanto faz como tanto fez. os olhos manchavam o trabalho uma ou duas vezes, e a cada mão sozinha pela qual passava, mais uma marca era colocada de cisma, raiva e tantos outros sentimentos inomináveis. cartas eram lançadas ao mundo e não dirão nada por um bom tempo. lançavam os tijolos e a argamassa que ergueria toda a infelicidade do mundo em uma só remessa. é assim a vida de tantas mãos.

22/09/04

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