acendo um cigarro e se em silêncio isso só serviu para aplacar uma ansiedade qualquer, adiantaria menos estar com ele aceso e intercalando uma tragada e outra com as vozes que saem de mim. estou sozinho com todas as vozes e elas não me dizem nada, quer eu esteja falando ou esteja apenas assistindo a fumaça ascender contra esse céu acizentado. que essa fumaça se junte com o peso do céu que cái e se sinta lá acomodada, não importa... a luz da brasa que a constrói não ilumina caminho algum. se eu pudesse sentir a chuva, sentiria apenas algo molhado e frio. eu não lembro se lágrimas são frias ou quentes, mas lembro que o sal que à elas dá o gosto é o mesmo que mata a terra e dela impede que algo cresça. se inspiro papel queimado, nicotina, benzopireno, nitrosamina, polônio 210, carbono 14, dicloro-difenil-tricloroetano, benzeno, chumbo, cádmio, níquel, arsênico, cianeto hidrogenado, amônia, formol, monóxido de carbono e mais de quatro mil setecentas e dez substâncias venenosas e cancerígenas e que um dia hão de me matar, não importa. acendo um cigarro e em silêncio vejo o céu despejar apenas água enquanto sopro apenas fumaça.
essa noite quero matar as metáforas.
essa noite quero matar as metáforas.
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