sábado, junho 07, 2008

carreira solo

Solidão...
Que poeira leve
Solidão...
Olhe, a casa é sua
O telefone chamou,
foi engano...


- alô, aqui é a adriana...
- adriana, sou eu. não sei o que fazer se é que fazer algo é algo que eu possa fazer. mas não sei. não sei o que dizer mas digo porque está entalado aqui. está entalado e querendo sair. cuspo pra fora. desculpa usar o telefone. mas você está tão longe e eu aqui me desesperando. me exasperando também. me desculpa. mas está frio aqui na rua. não tem fila pra usar o orelhão, mas está frio. juro que não vou demorar eu só precisava falar mesmo porque eu estou desesperado. é como se a gente pagasse pra respirar e eu acabasse de notar que acabou o dinheiro na minha carteira. é esse desespero que eu tou falando. meus pulmões cheios de ar mas sabendo que o fim vai chegar e a culpa nem é minha mas é. não desliga. eu juro que é rápido. eu só precisava dizer isso mesmo. eu sei que nem disse nada ainda. mas eu queria dizer. nem que fosse pra saber que você está aí me ouvindo. ainda está aqui entalado, mas já não sei mais. sei que tudo tudo tudo tudo tudo tudo faz falta. e o que quer que bata, dói. desculpa mas tá acabando o meu cartão queria apenas que você me ouvisse. eu só queria que você soubesse que eu...
- ...e não posso atender no momento. deixe sua mensagem após o sinal.



Na vida quem perde o telhado
Em troca recebe as estrelas
Pra rimar até se afogar
E de soluço em soluço esperar


Só (Solidão), de Tom Zé

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