domingo, novembro 17, 2002

Post Insólito e Amargo

Como sempre tem a hora da saudade e do desânimo. E como sempre Radiohead é a mais perfeita trilha sonora.
Como sempre acontece, nessa hora do dia é que eu sinto mais falta dela. A noite.
De como ela me conforta e me ampara. De como ela sorri. De como ela me abraça e me diz no meu ouvido as coisas que ela me diz.
Sua voz. Sua boca. Seu cheiro.
Ela é tudo que eu tenho, e tudo o que eu quero é ela.
E como sempre tem a hora em que ela não está aqui....
E tudo fica escuro e triste. E a cabeça dói. E os pulmões só tem um ar gélido e seco.
Tudo é seco e mudo e triste sem ela.
Romantismo é uma coisa triste e patética...Mas faz sentido com ela.
Romantismo é uma coisa besta e só fica bem nos filmes...Mas faz sentido com ela...
E tudo mais faz sentido com ela.

Parte XVIII

“O amor é a coisa mais triste que existe quando se perde aquele que você ama”
Ouvi isso (ou algo parecido) em algum lugar...Acho que em um filme.
Eu não perdi o meu amor, eu sei muito bem onde ele está. Mas eu quero falar de tristeza. E de amor.
Porque amamos as coisas que nos deixam mais tristes às vezes? Veja bem, eu disse as coisas. Quem nunca amou um bilhete que você recebeu e que te fez chorar por dias e dias? Quem nunca amou a lembrança de algo que só traz dor? Quem nunca amou aquela cartinha de amor que nunca revelou quem mandou e que só ter trouxe mais e mais tristeza?
Eu ainda acho a depressão um momento muito edificante para o homem.
A criatividade é aumentada quando a pessoa é deprimida. A depressão aumenta a sensibilidade das pessoas, e quando elas conseguem sair da depressão o suficiente para criar, sempre sai algo bom.
Eu me lembro que 1997 talvez tenha sido o pior ano pra mim, e foi quando eu comecei a escrever. Eu me lembro de ficar sozinho escrevendo poesias. E de pensar em escrever um livro de contos. “Enseada das Cinzas” talvez tenha surgido aí...
Eu escrevia...E rasgava e jogava fora. E desenhava homenzinhos em cima de prédios olhando pra baixo. “Raphael, você tá bem? Num desenha essas coisinhas não” “Sim, eu tou bem”.
1999 também foi um ano bem difícil pra mim. Eu chorava quase todos os dias. Em casa. E principalmente na escola. No colo de Mariana. Quase todos os dias, no final da aula a gente ia para o banco ao lado da cantina e eu deitava no colo dela e chorava até dizer chega. Chega.
2000 foi um ano estranho. Muito prolixo, se isso pode se dizer de um ano. E escrevi muito.
A virada do milênio chegou como chega uma pizza fria. Ninguém esperava mais. E foi frustrante. Passa ano, passa boiada.
Esse ano esta sendo um ano triste também. Ficou pálido o dia. Ficaram apenas os problemas de 2001. E só. Teve ganhos também....Muito bons aliás...Mas tem aquela tristezinha ali... Espreitando...Esperta...Me tirando todo o ar, me puxando cada vez mais pra baixo, me dizendo sempre que a vida não vale a pena se você se esforça muito, me mostrando que dar a cara à tapa nunca é uma boa tática, me trazendo minhas coisas que eu amei e que me deixaram tristes, em fazendo escrever...
Eu escrevo porque é assim que eu faço meu mundo girar um pouco. É como se cada letra, cada frase, fizesse o planeta girar um grau a mais do que ele normalmente gira. Pra o dia passar mais rápido. Pra o sol chegar mais cedo. Pra eu te ver logo.
E a saudade vai destruindo cada pedacinho de felicidade que resta em mim....
Mas eu te amo.

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