quinta-feira, novembro 27, 2003

o homem do início desse século acabou tornando-se escravo das máquinas que ele mesmo criou. mas ei! o einstein aqui nem precisou entender toda a trilogia matrix pra ver isso, nem precisou utilizar todo o potencial de seu neurocortéx circovoluncionado cheio de pregas, foi apenas a simples constatação de seus fatos diários do seu dia-a-dia.

mas o que eu estou colocando nessa minha balaiada teórica não é a dependência dos homens aos grandes meios de comunicação em massa, às redes invisíveis e internacionais de cartões de crédito, à dependência de fome das torradeiras computadorizadas que conseguem assar um pão de 1.500 maneiras possíveis e ainda imprimir um smiley na torrada. isso é vero pero no mucho. falo da dependência mais animal. da MINHA dependência mais banal, rasteira e boba. uma dependência à tecnologias renascentistas e autistas. falemos da minha necessidade de aparelhos na minha vida...

primeiramente houve o óculos. situação das mais patéticas: eu, homem criado no seio da mamãe, grande, forte e altivo, sendo um eterno dependente desses vidrinhos que tenho de sustentar na minha colossal napa narigal. inventado por algum vidraceiro míope numa antiguidade antiga qualquer, o que a tecnologia atual pode fazer para mim foi apenas diminuir em alguns kilogramas as portentosas lentes que tenho de levar na cara. mas que é algo primitivo, isso é. e ter de depender disso para minha vida é horrô. de ser um nada sem óculos. de não conseguir achar o próprio pênis sem a ajuda de lentes corretivas. nem de acertar o burado (da fechadura) sem essa ajuda especial.

mas agora dependo de outra grande invenção da história da humanidade. as muletas canadenses. incríveis. inventadas no final de um século já passado, ela diferencia-se das outras muletas pela falta do apoio subacal, que é substituído por alcochoadas "braçadeiras" de ferro. talvez isso se deva ao fato da marca cultural canadense de não usar desodorante e de ter as aquecilas sempre odorizadas devidamente, o que difilcultava o grip das muletas tradicionais, causando dezenas de milhares de quedas e até mortes....mas bem, o que importa é que dependo dessas duas varas de alumínio fodido para me locomover da cama-para-o-banheio-para-a-cozinha. o que não me emputece pouco, pois somado o peso do gesso, com a desegonçabilidade que me é característica à toda a física dinâmica que envolve o "muletar" (cunho hoje esse neologismo) para um lado e para o outro, isso acaba me causando mais transtornos do que parece. ridículo e patético depender disso.

mas é. e se não fosse já era.

encerro assim a incrível jornada da (minha) história humana de dependência de suas criações. no próximo capítulo: como o micro-ondas salvou a modernidade e possibilitou que uma revolução lentamente pipocasse (lindo esse trocadilho) e como o barbeador elétrico salvou da morte por hemorragia alguns milhares...

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