terça-feira, fevereiro 03, 2004

ó vida, ó ceus... ou meu querido diarinho


é só um vazio que anda me atacando. porque até que tentar eu tento.

o post passado, por exemplo, foi uma tentativa de mais de quatro dias. fazendo e salvando em draft. até a desistência que me fez terminar como estava (apenas para depois achar tantas outras coisas que eu até poderia ter colocado. e agora o vazio que fica sem ter mais o que por por aqui.

está tudo tão vago nessa vida. tudo tão sem ir nem vir. sem retorno e sem eco.
as coisas paradas no ar, aquela aflição de não ter nada pra se afligir. aquele marasmo virulento que toma conta de cada artéria e veia e circula no seu corpo te deixando mole e sem volição alguma.

nem dá mais vontade de fazer nada quando eu não tenho nada que impeça de fazer alguma coisa. nem vontade de fazer coisa alguma quando tenho coisas pra fazer. não dá vontade de agir nem de permanecer sem ação. por isso o tempo passa e eu fico. é tudo tão desgostoso que fica aquela sensação diária de perda, e ainda mais quando eu ando me encontrando tão sozinho.

e eu lendo aqui o Verchinin me falando que "nós não somos felizes, a felicidade não existe e o máximo que podemos fazer é desejá-la"* e me indago então se é mesmo isso que anda acontecendo comigo. e porque fica aquela saudade do tempo que eu me sentia feliz. porque eu só sei pelas minhas lembranças que eu fui feliz, mas não consigo manter aquela sensação saudosa de ter como sorrir sem se esforçar. e escapando dessa cidade eu acabo encontrando uma felicidade que eu tanto desejei nesses últimos 3 meses para apenas me encontrar agora aqui de volta, preso numa rotina que me sufoca e me tira o ar tão rapidamente...

e eu sinto tanta saudade, porque por um segundo eu vi que podia ser feliz. e eu não consegui lidar com isso e hoje fico me amargurando da hora que acordo até a hora de dormir e infelizmente me arrependendo de coisas que não fiz. que eu me arrependa de coisas que eu faço é normal, mas eu nunca me senti na vida tão covarde e tão fragilizado pra não conseguir fazer uma simples coisas, uma simples ação, cumprir uma simples vontade...e fazer o que eu queria e devia fazer. e fazer duas pessoas felizes. e ter perspectivas. e curtir um momento que às vezes vai para não voltar. e me deixar com um gosto na boca diferente do amargo sabor de estar assim, dia após dia.

e existe tanta coisa que já nem faz diferença pra o que eu passo agora e esse tantão de coisas acaba apenas me entediando, como se já não bastasse o tédio com um T bem grande para mim que já é ficar acordado esperando a hora de dormir. e esqueçam do amor, porque já que amar não é sofrer demais ele já não existe então. o amor morreu. ficou o meu eu vazio. e não dá pra lidar com a vida, pelo menos não por enquanto

o que resta...
vamos ver no que dá tanta espera. pois eu sei que no fim dá em alguma coisa. que seja boa então.



*Tchekov, Anton - As Três Irmãs (pág. 73)

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