sexta-feira, agosto 13, 2004

dos sons que ninguém nunca ouviu

o silva é hoje uma mistura que se encerra num recipiente sem forma. um amálgama de elementos imiscíveis e ao mesmo tempo solúveis entre si. um ambiente instável cerceado pela estabilidade da fragilidade que se diz humana. isso é o que se apreende de uma pequena e rápida observação.

como o silva não conhece a olga tete-a-tete, não adianta de nada conjecturar coisas e mais coisas que na verdade são ilusões vãs e tão rápidas e tão vagas e tão vãs que ah...o que é que ele quer mesmo? obrigado, querida. sentar no colo. tapas. beijos. isso o silva não tem. e nem sabe se quer. ele não sabe se assim ele acorda.

então vejam o outro que se encerra em silva. sem seus vícios sobra muito? ah, sobra tudo o que já existia antes. mas desprovido de uma metade que se foi. se desnaturou. os encaixes não mais se encaixam. as chaves já não abrem mais portas, talvez fechem. a metade não vem ao caso quando já não é mais metade, invoca o silva em sua sabedoria.

então entendamos qual o tratado sobre o tédio no qual o silva talvez se debruçaria: o tédio é o espaço que falta entre o nada e a prática. é o vazio que se encaixa e toma o espaço de algo que já não mais vinga. um terreno infértil e morto. o tédio é um lugar. é uma medida de distância. o tédio é morto que vive entre as feridas e as pústulas que se abrem vermífugas sobre o chão de nossas vidas. e de nada adianta o ocultismo recém adquirido, de nada adianta saber os nomes. "o poder está no nome das coisas" qualque um saberia, mas o nome das coisas foi por demais esquecido. por demais escondido. tudo não tem mais o nome que lhe convém.

então é de tédio e de vida que o silva é feito. não que o tédio seja algo diferente da vida, ou que a vida exista sem o tédio. mas é como que se de si mesmo, as coisas se desprendessem e se mostrassem separadas, mesmo elas não sendo. tudo é uma coisa só, mas dá muito bem para o silva sentir cada gosto separado. amido. carboidrato. proteína. açucar. veneno.

então é tempo de dar um tempo. é tempo de pedir um tempo. e é tempo de seguir em frente. tempo. tempo. tempo. não mais que isso prolonga e estica a face que se mostra inerte às vicissitudes. a borracha por demais esticada. o barro seco e duro. a tinta que não mais deixa sua marca nos incautos. o tempo tem força e não é pouca, ao contrário...

silva tem um pote cheio de confusão e a mão seca e grande que busca no fundo do pote suas armas. remexe, remexe, cata uma confusão e pôe em cima da cabeça como uma coroa a dizer que ele domina e exerce poder sobre nada além do que confusão. e como rei supremo de suas próprias armadilhas, ele se deixa cair apenas nas que considera. porque é do silva armar contra si próprio. contanto que ele não consiga sair da armadilha sozinho, porque como um bom inapto ele se esquece que sua força é ainda menor do que aparenta. ah, o silva...

os pensamentos, como uma árvore que cai no meio da floresta, sem espectadores não existem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

E aí?