às vezes rompe-se o invólucro que mantia a vida separada das coisas de morte.
porque as coisas de morte rondam tudo e permeia cada molécula suspensa no ar, cada faísca de coisa real, cada corda que tece as coisas como elas são. e as coisas de vida são presas dentro do que chamamos nós e eles. os outros são pacotes de vida ambulantes, espalhando essas coisas que fazem o ser algo mais arte, mais leve. mas há vida também são livres nas coisas de fora. em cada pedaço de coisa morta pipoca vida e folgueia suas labaredas em cada coisa que existe, a vida. porque a vida e a morte fazem o existir ser.
mas se elas estão aí, elas dançam separadas, mas são pares. pares que não se tocam, não se vêem (ou tentam não se ver), mas que ainda assim bailam juntos, sem sair do tom. sem pisar um no pé do outro. água e óleo num liquificador cósmico metafórico qualquer.separados pelo tênue momento em que um se aproxima do outro. separados pela tela que cobre as coisas de vida e pela pele que cobre as coisas de morte.
mas esse invólucro sagrado não é intransponível. nem indestrutível. e quando cinzas se espalham sobre as folhas ao invés do orvalho se nota que os mundos das coisas viventes se misturou com o seu antagônico. porque as vezes esse invólucro rompe-se em mil pedaços. deixando à mostra a tez da vida que se insinua nesse baile ao dedo frio e seco da morte, que toca áspero e fere a pele das coisas.
deve ser aí que reside o medo.
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