tinha baseado todos os seus planos em cima de uma mentira - mas ah! quem disse que eram planos assim, de verdade?- e tirando todo aquele sentimento velho conhecido de quem tem planos, a frustração, estava bem. claro, não tão bem quanto seus pares, se é que eles existiam, e - quam sabe? - se é que estavam felizes.
vivia uma meia vida. quer dizer, vivia uma vida inteira, mas só entendia e aproveitava a metade. e olhem bem, coitado, nem esse pouco era bem vivido. essa parcela perdida de sua vida (quantifiquemos? sessenta e sete vírgula oito por cento) era sentida e repercutia em sua vida de maneira tal que, no final de um dia, ele mal sentia o tempo passar. e passava? ele sabia que era diferente pela roupa das pessoas. "hoje amanda está de amarelo. então hoje não é ontem pois ontem ela estava vestida de vermelho".
mentiu um dia que amanda o amava em segredo por causa daquele bilhete de amor que o mandara - claro, uma outra mentira! - e viveu aquele sentimento de tal forma que só em soletrar a-man-da ele sentia em cada sílaba um frio seco dentro dele. atuou então esse papel (e com certa desenvoltura) que seguiu como o personagem coadjuvante na própria peça de sua vida.
e como já sabemos que a arte é uma maneira inautêntica de representar sentimentos autênticos, imaginemos o que pensou nosso protagonista em sua lógica torta de quem é estúpido: "talvez, por ser um sentimento falso, no final tudo se transforma em real !" ah, pobre diabo...amanda cagava e andava para ele. enfim, quem ele era? afinal, amanda nem era amanda. era sandra, vendedoras de uma loja de sapatos que às vezes pegava o mesmo ônibus com ele.
mas de que importa? queria casar com amanda, ter filhos com amanda. era amanda, afinal, a mulher de sua vida.
- amanda, eu te amo.
levou um tapa na cara e todos riram dele depois. mas então, sentado no banquinho da praça, encontrou raquel...
Nenhum comentário:
Postar um comentário
E aí?