quarta-feira, maio 26, 2004

assisto um incenso queimar lentamente. as finas cinzas sendo depositadas no incensário. a fumaça que sobe numa espiral caótica. um ballet de vapores brancos e aromáticos. a brasa vívida a consumir a haste verde. carregando em si os restos daquilo que ela mesma consumiu para depois deixá-los sucumbir ao próprio peso e se desmancharem embaixo, deixando um rastro físico do trajeto da brasa suspensa no ar. enquanto o calor desnuda o fim de tudo e mostra ao que voltaremos, todo o ar em volta é mudado e se recobre de cheiros que remontam os lugares que provavelmente nunca irei.

as vezes a destruição é bonita.


ho ryu koh. incenso da fênix e do dragão.

#raphael para e pensa apesar de que o tempo e parar e pensar já passou e que a hora de parar e pensar já findou há muito. são quase quatro e ele olha o relógio do computador e olha o relógio do pulso e vê que sete minutos o separam da realidade mundial. sete minutos a mais, ele gosta de frisar como se fosse - ou quisesse ser - "um homem à frente do seu tempo", ou algo tão cliché quanto#

#raphael bebeu muito mais um dia. e bebeu com razão, ele gosta de afirmar para si mesmo. dia santo, ele brinca com seus amigos. é aniversário de um deles e raphael pensa consigo mesmo que talvez hoje sim ele deva beber. ontem ele talvez não tivesse razão de beber - apesar de ter bebido muito, em uma segunda feira plena - e talvez nem nos três dias anteriores, mas hoje ele tinha. é festa. como membro da patrulha, ele deve manter sua dignidade e afastar-se do terror. ele bebe sem fazer careta e sem se arrepiar. porque ele quer e ele consegue#

#raphael acha deprimente e desolador quando bebe em pleno dia de semana, na universidade. raphael se sente uma pessoa menor, mais idiota e muito mais incompleta e imperfeita. não que ele queira ser perfeito - longe disso - mas raphael acha que as pessoas que fazem o que ele faz são mais cheias de coisas tais que as fazem ser tais e quais elas o são. ele acabou de escrever muito e não dizer nada. talvez ele não queira#

#raphael vai escrever UM email apenas. vai mandar pra UMA pessoa. vai esperar A resposta. é uma coisa simples, mas é complicada. ele tem coisas a.k.a. expectativas. ah! e raphael sabe qual foi o sonho dele essa noite a.k.a. raphael tem VISÕES a.k.a. PREMONIÇÕES. raphael ash veish acha engraçado como ele escreve. raphael as vezes emula a lila#

#raphael precisa dormir. perder um ônibus enquanto ele passa na sua cara. na sua frente. enorme como um ônibus. e AINDA ASSIM raphael não ver. o faz sentir-se um lixo. não que isso seja algo importante ou coisa alguma. mas olhe as CONDIÇÕES que raphael se encontra. raphael é um lixo. raphael fede e raphael deve ser jogado fora. raphael vai dormir#

segunda-feira, maio 24, 2004

eu já voltei de salvador, mas infectei-me com a preguiça bahiana.
vou deitar ali numa rede e ficar me lembrando com saudade da viagem...


sexta-feira, maio 21, 2004

É MUGEGÉ! É MUGEGÉ!

[baianês]
ô meu tchio, minha tchia, vô ali pra uma malemolênça em salvadô.
[/baianês]

vou reencontrar conterrâneos e visitar uma quijinguensse ali e volto logo.

só no gegé.

quinta-feira, maio 20, 2004

O GRANDE TÉDIO

capítulo III


carlos gastava seu tempo ocioso em ações completamente inúteis e de certa maneira levemente imbecis. o dia inteiro tinha sido de enfrentamento e acabara de perder o emprego - que na verdade já havia planejado sair em dois meses - e então carlos resolveu ir para casa e fazer qualquer ritual "comemorativo" por ter se livrado do regime de semi-escravidão em que era mantido na agência até então. não estava particularmente feliz, e menos ainda triste. mas sentia que algo estava se formando dentro dele e isso mereceria todo o tempo de uma tarde em solidão na sua casa.

o que carlos resolveu fazer? colagens. uma prova mais que concreta até para ele mesmo de que talvez regimes de semi-escravidão o livrassem de gastar minutos e horas em coisas que seriam um desperdício de sua vida. se ainda fosse um artista e de um papel em branco e milhares de pedaços de papel coloridos saissem formas e texturas incríveis, mas não. era um medíocre, sabia disso, e cagava e andava para a pura constatação dos fatos que provavam isso. ele ainda era uma criança na sua cabeça e melar as mãos de cola para depois arrancar a resina ressecada como se arrancasse uma segunda pele era um momento mágico e divertidíssimo.

começou fazendo falsas mensagens de sequestro com letras recortadas e ria e se divertia com suas mensagens bizarras e sem graça alguma. "estou com seu cachorro. devolva-me o meu ou o mato" e "sua mulher está comigo, pague-me dez mil reais ou a deixo voltar pra casa" foram as coisas mais "geniais" que carlos conseguiu criar usando o máximo de sua pífia criatividade para o humor. depois de se cansar e de já ter deitado no chão, cheio de si. pegou pedaços coloridos de papel e tentou colar em um padrão. fazia várias formas e vários desenhos abstratos e estranhos. ou feios, como queiram.

depois de umas boas 2 horas fazendo isso, notou a bagunça que havia feito, a energia que tinha dispendido e a quantidade de papel rasgado, cola e sujeira que havia na sala e se espalhava caoticamente e se sentiu o mais imbecil dos seres humanos. ou que provavelmente não era o mais, mas estava dentro de uma ampla faixa dos menos privilegiados. sentiu que não era mais criança e que por mais que tentasse permanecer infantil e jovial, era um adulto que apenas teimava em não crescer. notou que a cola que endurecera na sua mão parecia rugas e percebeu que odiava tudo isso que havia vivido. percebeu que foi um erro sair do trabalho (bem, no caso ter feito de tudo pra ser expulso). percebeu que toda a sua vida desde que saiu de casa tinha sido a big fucking mistake, como ele gostava de falar misturando inglês com portugues. foi um momento de ilumanação, se você acredita nisso.

então carlos chorou, e chorou e chorou. deitado com o rosto no chão sentiu a dor de não ser nada do que ele queria. e ter perdido tanto tempo e tanta força em coisas que ele sabiam ser inúteis. deu vontade de quebrar tudo o que ele tinha, de tocar fogo na casa, de pular da janela (caso ele morasse em prédio) e vontades inúteis e levemente imbecis como ele. sentiu que sua auto-suficiência era uma fachada que escondia a mais dura e triste solidão e pensou que alguém poderia tirar ele daquilo tudo, pensou e pensou mas não achava ninguém. chorou mais um pouco até que lembrou da única pessoa que ele já havia gostado tanto a ponto de sentir dor. lembrou de como as coincidências até em seus nomes eram engraçadas. lembrou de como era se portar como adulto de vez em quando e como era ter planos que se extendiam por mais do que 3 fins de semana.

"oi...ana?". era a ana do outro lado da linha. carlos perguntou como estava, repetiu as mesmas frivolidades e burocracias de sempre, escutou as novidades e perguntou por sua irmã. "ela não mora mais aqui". por um segundo o coração de carlos gelou e ele hesitou um pouco até que ana oferece e número de telefone dela.

com o coração em solavancos ligou então para carla.

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terça-feira, maio 18, 2004

O GRANDE TÉDIO

capítulo II

carla apoiou os cotovelos no parapeito da janela e olhou para o chão distante. pensou nas duas últimas semanas e suspirou. havia dito tchau mãezinha, tchau fernanda e tchau ana e decidido deixar mãe e irmãs para morar naquele apartamento. não era que se sentia desconfortável na casa anterior, mas já estava claro na cabeça dela que as paredes que cercavam seu quarto e a sala da tv já não cabiam seja lá o que era que ela tinha se tornado. tá certo que era um sentimento vago demais, mas por muito menos ela já havia tomado decisões tão ou mais importantes.

se ela sentia que tinha o controle de tudo na vida dela, desde as finanças até a quantidade de tomates em seu refrigerador, ela percebia o quão engraçada eram essas coisas sem graça alguma. é verdade, carla talvez fosse meio louca e risse por coisas sem graça alguma, mas ela achava mesmo que fosse risível descobrir a quantidade de coisas escondidas no funcionamento de um lar que ela até então não percebera duas semanas antes. só que talvez ela ainda não estivesse preparada para o que viria depois de largar um lar por outro que talvez se tornasse ainda: o silêncio.

era um silêncio perturbador. e nada que ela fizesse tirava aquele silêncio do apartamento, nem ligar o som na maior altura, nem passar horas pendurada no telefone com pessoas mil, nem festas - e eram muitas. era um silêncio que incomodava no fundo da alma, que tocava com unhas cortantes os seus ouvidos e a fazia sentir que talvez a graça da manutenção caseira e a vontade de rir sem ter porque e/ou andar de calcinhas pela casa não fossem tão compensadoras assim.

e do silêncio ela se tornou cativa, sendo arrastada cada vez mais a ficar calada olhando para um canto, para a tv, ou para o prato onde a comida esfriava. se não tivesse um emprego que a martirizasse por quase 8 horas diárias, talvez enlouquecesse logo, logo.

ela pensou no que tinha feito pra transformar o apartamento numa coisa mais plausível e pensou que tudo as vezes parece ser tão em vão. e quando ela apoiou os cotovelos no parapeito da janela parecia que nunca estivera ali, olhava para o chão que se deitava a alguns metros dela e percebia cada marca deixada pelas coisas mundanas na rua e nas casas embaixo. via a casa da esquina que da laje estendiam-se roupas e mais roupas coloridas, via o menino sentado na calçada brincando com pedrinhas, via o vai-e-vem das pessoas que se dirigiam para algum lugar qualquer que ela desconhecia. ah droga, as coisas são sempre a mesma merda, ela talvez tenha pensado e então se inclinou pra tentar ver mais de perto uma coisa qualquer que chamou atenção dos seus olhos e então...

o telefone tocou e ela foi atender quase feliz por ter sido salva daquele momento. segundos depois de virar o olhar, perdeu de ver de camarote o atropelamento do menino que brincava com pedrinhas.

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segunda-feira, maio 17, 2004

DIÁLOGOS POSSÍVEIS III:

3.1 - As Melhores Razões Para Se Beber:

- Eu bebo para poder rir de quando eu estou sóbrio.
- Eu bebo para lembrar, e não pra esquecer.
- Eu bebo porque eu bêbado consigo mangar de minha própria infelicidade.

3.2 - As Mais Incríveis Constatações Depois de Dezesseis Garrafas de Cerveja:

- Rapaz, eu tou meio tonto.

3.3 - Promessas de Campanha 2004 ou Coisas Para Nunca se Fazer na Vida:

- Eu não vou mais beber.
- Amanhã começam as aulas, é melhor dá um tempo.
- Eu nunca mais vou dizer "eu te amo mais que minha própria vida", principalmente umas três vezes seguidas, e ainda levando tocos.
- Tentarei não mais escrever posts bêbado.

3.4 - O Balanço das Férias de 2003/2

- Devem ter sido boas. Não lembro de quase nada.

sábado, maio 15, 2004

nada como quinze horas e meia de bombation nonstop pra deixa escorrer no suor todas as angústias e junto com isso a sua parcela de quatro ou cinco litros de destilados diversos.

praia + churrasco + rave = um raphael destruído, porém muito mais feliz.

os cotocos que já foram pés pedem cama, mas eu ainda não pedi arrego.

(ouvindo modjo pra não quebrar o clima)

quarta-feira, maio 12, 2004

AAAAAAAAHHHH!!!

se não fosse madrugada agora estaria gritando. plenos pulmões. e ainda assim de minha boca não sairia nenhum som. quanta coisa repentina, quanta falta de perspectiva, quanto vazio. e tudo tão súbito, como a chuva que começou a cair abrupta ao escrever "súbito", sendo mais uma coincidência nula dessa minha vida cheia de coincidências nulas.

eu preciso dormir mas não consigo. não aguento mais passar essas noites sonhando coisas tão possíveis mas tão distantes, ou não sonhando at all, amargando as punições de ter me entregado ao "submundo do submundo" e esperando apenas acordar pra mais uma sessão "o sofrimento não acaba, meu deus" e mais dramin e mais tylenol e mais lágrimas para salgar o pacote e dar a liga que precisa.

dsm iv, ou pelo menos pro próximo dsm, inserção feita por mim: crise aguda e súbita de vazio. um sars revisitado pela burguesia pobre e "oh, tão atormentada!".

sintomas: uma súbita (e aguda) vontade de deixar o seu atmã se diluir no brahman (não confundir). uma súbita (e aguda) vontade de morrer e sumir sem deixar traços (talvez uma nota rancorosa e vingativa). uma súbita (e aguda) vontade de apagar com fogo o queimar de tudo o que te leva em frente. uma súbita (e aguda) perobagem noturna.

tratamento: administrar o paciente com perspectivas, sonhos e planos. #bucatas non apply# .

contatação momentânea e díspare: os próximos seres humanos deveriam vir com um interruptor on/off.

eu queria poder gritar agora. ou poder abrir a porta e sair andando pela cidade até amanhecer. ou poder me enfiar na minha gaveta à esquerda. ou pelo menos poder ter alguém nesse mundo que eu pudesse ligar agora. claro que eu não ligaria a essa hora, mas só de saber que tenho alguem que eu pudesse ligar a essa hora e que me entendesse e que não ficasse com raiva e que amanhã viesse aqui de manhã me acordar com beijos e me dissesse coisas bonitas enquanto se aninhava e se infiltrava em meu lençol e que reclamasse do calor mas não saisse de perto de mim e que fizesse cara feia pra muitas coisas mas que ninguém notaria por ser tão linda sempre...ah, como eu me humilho e me machuco e me exponho nesse blog.

ah, eu preciso, eu quero, eu vou dormir.

domingo, maio 09, 2004

as respostas do "desafio indie", já que ninguém conseguiu uma pontuação minimamente decente. shame on you.

1 - Yeah Yeah Yeah's - "Rich"
2 - Le Tigre - "Hot Topic"
3 - Beulah - "Calm Go The Wild Seas"
4 - Jolie Holland - "Old Fashion Morphine"
5 - Beck - "Sunday Sun"
6 - Blonde Redhead - "Violent Life"
7 - Blur - "Trimm Trabb"
8 - Dismemberment Plan - "The Jitters"
9 - Richard Cheese - "Creep" (Cover do Radiohead)
10 - Pearl Jam - "I Am Mine"
11 - The Legends - "Call It Ours"
12 - Blonde Redhead - "Doll is Mine"
13 - Sigur Rós - "Staralfur"
14 - Grandprix - "A Menina"
15 - Vive La Fête - "Jaloux"

ninguém ganha porra nenhuma.

sexta-feira, maio 07, 2004

não era bem um meme, mas agora será. achei ótema a idéia que vi aqui. (vide dia 30.04) e copio descaradamente.

o lance é o seguinte, peguei todas as minhas emepêtrezes (na verdade um arquivo de 975 mp3s, ainda tinha umas que faltaram) e bati num randomize no winamp, peguei as quinze primeiras músicas e tirei um trecho da letra de cada. o desafio é o seguinte: me prova que tu tem a MORAL de descobrir o máximo de músicas que conseguir SEM USAR O GOOGLE ou similares. quero ver se tu tem as manhas INDIES, parça.

1 - im rich, rich, rich...ill take you out boy!
2 - hot topic is the way that we rhyme, one step behind the drum style
3 - the waves keep rolling, on, and on, and on...
4 - give me that old fashion morphine, thats good enough for me...that was good enough for my grandpa
5 - there's no other ending, sunday sun...yesterdays are mending, sunday sun
6 - with a thousand kisses, every second i think of you, come back its fine, bring some wine and leave my mind, forever
7 - i've got no style... I take my time... all those losers on the piss again
8 - no one means what they say and you can tell as clear as deep-sea fish
9 - when you were here before, couldnt look you in the eyes
10 - the selfish, they’re all standing in line... faith in their hope and to buy themselves time
11 - its hard for you to understand the things that takes to make this feel alright
12 - mine is an act of love, mine is a wish to solve and mine is to sink by your side
13 - bl ntt yfir himininn, bl ntt yfir mr, horf-inn t um gluggann, minn me hendur, faldar undir kinn
14 - a minha menina, tem olhos negros e um sorriso capaz de degelar meu coração...
15 - les gens sont jaloux, parce que je fais que je fais, je fais que je veux

ao contrário da lady macbitch eu não ofereço prêmio algum. só o LAZER. bah, quem sabe eu não dou algo pra quem acertar pelo menos 50% disso?

tá mandado o desafio. indies, mostrem suas garras.

quinta-feira, maio 06, 2004

tive que pegar um taxi, só meia hora não daria para chegar de ônibus. corre para a dom bosco, número mil cento e cincoenta e oito. uma espera habitual - médicos... - e logo estaria num sofá quase confortável de couro marrom envernizado, com tachas de metal envernizadas nos braços e uma almofada vermelha e macia. por coleguismo resolvi facilitar o trabalho do companheiro e mandei TUDO de uma vez só, sem cortes.

"é, eu acho que você está deprimido"

eu penso que os séculos que nos separam das primeiras intervenções médicas foram de uma assombrosa evolução, visto o conhecimento e a SAGACIDADE do meu caro companheiro, que, é óbvio, me tentou empurrar remédios umas quatro vezes. se eu não manjasse do carteado e não visse por trás de suas mansas palavras uma aura de LOBBY eu até caia.

que se foda, definitivamente eu desisto. resolvi voltar a pé. te juro que foi bem mais terapêutico.

quarta-feira, maio 05, 2004

O GRANDE TÉDIO

capítulo I

tião sentou-se na calçada. estava cansado e cheio de uma substância viscosa que aderia a superfície interna de seu corpo oco e o fazia ter ansias e mais ansias e mais ansias e mais ansias e nada mais que isso. ah, vou sair e conhecer o mundo, dizia tião e então levantava da calçada e dava três passos, não mais que isso, e então via que aquele canto da calçada que sentara anteriormente tinha um pouco de sombra e passava uma leve brisa e então decidiu que sair e conhecer o mundo era difícil, ainda mais pra tião que andava a pé, e sentou na calçada e bocejou umas duas ou três vezes antes de baixar a cabeça.

era uma estrada de paralelepípedo que levava da rua do mercado até o fim do vilarejo na época de seus tataravós. hoje era mais uma rua de asfalto suja e quente. pisou no chão com os pés descalços e era quente e ele sentia as pedrinhas, várias, tocarem o fundo do seu pé. começou a contar de olhos fechados quantas pedrinhas. uma, duas, quatro, sete, doze. eram pequenas e pontudas e seus pés ficaram marcados e vermelhos porque o asfalto estava quente. mas isso ele não notaria pois estava com o pé sujo de tocar naquela rua imunda com os pés desnudos. levantou a cabeça e olhou do outro lado, quando sua vista não era cortada por um carro, que naquele dia eram poucos, ele via a parede de uma casa. só a parede da casa. uma coisa branca, enorme, nula. que o separava dos segredos que aquela casa guardava. olhou para os lados e pensou que talvez sair e conhecer o mundo fosse um passo maior que suas pernas pequenas e frágeis poderiam dar e imaginou que apenas subir no muro e ver o outro lado fosse um bom começo. pegou fôlego e soprou as pedrinhas, que se arrastaram junto com a areia. pôs as mãos nos joelhos e decidiu bem decidido. ia deixar a sombra e a leve brisa daquele cantinho especial da calçada e iria levar seus olhos curiosos até o outro lado da rua, para espiar o que se escondia atrás daquele muro idiota.

deu três passos distraídos pela rua, não mais que isso, até que foi abalroado por uma silverado que passava em alta velocidade enquanto proprietário escutava a banda chiclete com banana na maior altura. morreu instantâneamente, completamente desfigurado e em pelo menos dois pedaços. mais tarde seu irmão teve de reconhecer o que restou do corpo no iml.

o playboy nunca foi pego.

****
olha o que ela me manda ler.

Stand up
You've got to manage
I won't sympathize
Anymore

You're alright
There's nothing wrong
Self sufficience please!
And get to work

You're on your own now
We won't save you
Your rescue squad
Is too exhausted

And if you complain once more
You'll meet an army of me*




é pra eu dizer valheu?

eu as vezes nem entendo direito, porque pra certas - e várias - pessoas isso aí tem tudo a ver. tá, até que tem a ver pra mim em um algum passado distante há tanto tempo que ó-meu-deus, já são SEIS MESES, ó-meu-deus. i don't need an army of you, just one of you would be enough. e eu sento aqui o dia inteiro pensando, bah, vou ver do que se trata, e é disso. não se trata de diferenciar pouco a pouco o chi è e non è, mesmo porque eu não tou muito bem pra isso, mas se trata de ver que EI, OLHA EU AQUI SENDO EU MESMO SÓ QUE DE OUTRO JEITO!

eu ainda sou o mesmo? porra, claro que não, então porque "você não é assim". se eu não fosse, eu não seria. o chi è e non è. eu ainda te agradaria se te mandasse um "with a thousand kisses / every second I think of you / come back it's fine / bring some wine / and leave my mind / forever"**?

porque é HUMILHANTE demais certas coisas. e eu tou no mood de me humilhar hoje, mas eu não irei fazê-lo porque estou quase de BOM HUMOR. é verdade! BOM HUMOR > ESTÍMULOS AUTO-DEPRECIATIVOS. eu não sei porque eu sou autodestrutivo às vezes, meus queridos, eu só sei que sou, e minhas mãos marcam esses meus momentos. mas eu sou o PSICÓLOGO aqui e talvez EU que deveria mandar um tratado logo me explicando e me analisando, mas não vou porque estou de BOM HUMOR.

e olha que amanhã eu vou ao PSIQUIATRA. é mesmo, um PSIQUIATRA. (eu falei que não me humilharia? tá, eu paro). eu paro.

ah, o BOM HUMOR salvou-me de ficar mais um dia perdendo neurônios nessa josta chamada internet, que cada vez me traz centoecincoenta motivos pra odia-la ainda mais. ARGH, EU TE ODEIO, mas não posso viver sem você.

dubbiewoobie. i feel so nineteen ninety five!

* björk - army of me, do "post", 1995
**blonde redhead - violent life, do "la mia vita violenta" , 1995.

segunda-feira, maio 03, 2004

voltei.

estou destruído.
you have to try rememberance of forty.
the kids like a lot
como eu faço merda, meu deus.
the kids don't like a lot
eu decepciono? sim. eu decepciono. não sou como chickenhearts.
the kids don't like a lot
ah, novos amigos. ou amigos que apenas não eram amigos ainda. ou amigas.
the kid here likes a lot
a summer is killing spring. and i'm killing...uhmm...i'm killing. (i know it's wrong being a boy...)
i always knew the way about you. always on my mind. always take my time.(repeat infinitely + add choreography)
the kids like a lot

isso é um resumo da minha viagem à recife.