terça-feira, setembro 30, 2003

Olhem para mim eu ali sentado. Na extrema falta de urgência preguiçosa e lenta. Mascando os próprios dentes, roendo a própria boca. Tossindo ou bocejando. Ou olhem para mim ali andando. Levando as pernas na barriga, arrastando os passos para onde o nariz aponta. As mãos procurando algo inexistente nos bolsos, os olhos apenas alertas para obstáculos no caminho. Os olhos apenas abertos.

Eu fico reparando em mim mesmo quando eu passo ali na frente. Ou quando eu senti ali ao lado. Ou no vai-e-vem na minha frente, sem rumo. Eu indo lá longe de mim.

É engraçado eu andando distraído, remoendo todo o dia largado nas costas, gritando com os braços e pernas e calado com os olhos e a boca. Eu às vezes observo essa cena, me posiciono no caminho e estiro minha perna hostil numa rasteira danada! Que tropeço! Vivas e palmas para a queda desse império!

Eu caio, rompo o rosto sisudo e vago com aquele riso envergonhado e tímido, ergo todo o império das poerias das vidas terrestres, limpo o corpo do pó e sujo a alma com a queda. E então vou embora correndo!

É engraçado...

30/09/2003

hoje a aula pelo menos foi produtiva

domingo, setembro 28, 2003

international nerd-pride day

primeira coisa ao acordar foi isso, depois de almocinho e banho tomado foi a vez d'isso e depois um bocadão d'isso. Se já não bastasse, mais um pouquinho de idling aqui e pra finalizar com chave de ouro, uma passadinha rápida por aqui.

E olha que só não rolou mais nada porque isso não tá funcionando...

quinta-feira, setembro 25, 2003

ontem gastei boa parte das minhas horas de sono necessárias no show do Flávio Venturini. não que o show seja uma bomba, mas o cansaço que essa universidade me causa é demais para mim. tá certo que a primeira metade do show (umas duas vezes mais comprida do que a segunda metade) não foi lá essas coisas, mas se não fosse a cadeira inapropriada para o meu diametro nadegal e o chiclete que pousou grudento em minha calça (vindo de onde não sei) até que não teria sido de todo perdido.

enquanto assistia o show, eu divaguei (tá bom, eu meio que viajei de sono mesmo) sobre os cantores-tecladistas brasileiros. eu sei que não é coisa de exclusividade brasileira, mas é um fenômeno interessante. temos grandes clássicos da churrascaria de outrora figurando entre os bam bam bans da grande música brasileira, só pra citar os mais famosos: Ivan Lins, o proprio Flávio, e o grandioso Guilherme Arantes.

e bem, tenho uma confissão a fazer...apesar de todo o potencial brega que tem um cantor resvalando no falsete enquanto bate imperdoavelmente as teclas de um kurtzweil, eu gosto de algumas canções deles. No show do Flávio Venturini,houve momentos de coros e palminhas que participei ativamente. Ah, e quem nunca cantou "te amo espanhola"?

Ivan Lins também tem seus clássicos, mas me traumatizei por ter sido chamado de sósia de Ivan Lins quando pequeno, por favor, não quero falar nisso.

E Guilherme Arantes! Meu favorito! Eu seu que meus amigos indies vão me repudiar e nunca mais me chamar pra uma audição de Zaireeka, mas EU GOSTO DE GUILHERME ARANTES. Pronto. Falei.

São poucas músicas, é verdade, mas ainda assim gosto dele. "Amanhã", "A Neblina e a Cidade", "Sorocabana", "Meu Mundo e Nada Mais" e "Lindo Balão Azul" são músicas belíssimas, seus putos!

e pra quem já teve um tecladinho casio-tone quando pequeno, sabe o que é ver esses cantores fazendo um show só com um teclado e um bocado de beats tacanhos e oitentões e vibrar com a possibilidade de você dominar o mundo apenas com um moog nas mãos.

segunda-feira, setembro 22, 2003

O caso mais falado de ultimamente, da falcatrua no programa do Gugu, é mais uma vez um dado que vem somar à uma preocupação com a mídia em geral.

pra quem acabou de sair de debaixo da pedra farei um sumário dos fatos: programa do Gugu, "integrantes" do PCC são intrevistados e espalham ameaças de morte a pessoas famosas, entre outras coisas. ficou um ar meio de "ahn? sério?" no ar e depois de investigação mais profunda (com direito a intervenção da própria advocacia do PCC) foi descoberta a fraude do programa. alfa e beta, os dois entrevistados, são apenas atorezinhos contratadas para se passar por bandidões. e Gugu, com sua típica cara de bunda melada, chora no programa da Hebe e pede desculpas (mesmo dizendo que a culpa não era dele). não satisfeita, a tia justiça suspende o programa do platinado mentiroso. e hoje eu nem sei o que foi que passou no lugar (ponto pro gordão? dizem as más linguas que nem assim Faustão consegue embicar aquele programa ruim).

apesar de ser um programa sem qualidade e credibilidade alguma (lembrar do caso em que as "pegadinhas" pegavam o telespectador abobalhado, e não os atores contratados) é um dos programas mais assistidos da televisão brasileira e nessa guerra pelo Ibope não se envorgonhou nem de apelar para a mentira (já que mulher pelada na banheira, a essa hora, não pode mais). para onde vai a televisão brasileira?

ele me fez pensar numa coisa que eu nem tinha parado para pensar: se essa moda pega, em quem a gente vai confiar? se nem os grandes meios (que pelo menos deveriam ter a decência - e o controle do Estado - de não fazer uma coisas dessas) conseguem transmitir essa confiança necessária para um meio de comunicação, nossa disconfiança se generalizará e de qual é a fonte que a gente vai conseguir tirar alguma notícia sem pensar "ahn? sério?". é claro que existem meios de comunicação sérios e respeitados e minha visão é a menos embasada possível, não vem de nenhum estudante de jornalismo, mas de um mero espectador casual de televisão.

e não por que o Gugu mentiu em seu programa que a partir de agora eu não vou confiar em mais nada que passa na televisão. afinal, quem me conhece sabe que em um mês eu talvez nem lembre mais do assunto. mas esse problema é um indicativo preocupante do nível que anda chegando a televisão. se comer peixe cru ao molho de pentelhos não era o fundo do poço, onde porra é que a gente ainda pode chegar?

e eu pondo toda minha mente conspiratória pra funcionar até que posso elaborar um plano malígno onde o Padre Marcelo Rossi seria até o mandante, tentando fazer com que mais fã$ preocupado$ com a $aúde e a vida dele comprassem o novo disco/dvd/batina de malhação consagrada dele. ou então que isso tudo foi uma pegadinha do Jõao Kléber com o Gugu.

seja lá o que for, o otário ainda é quem assiste essas porcarias.

domingo, setembro 21, 2003

Até que enfim provei o tal sanduiche da Nova Sorriso. E sobrevivi.
Realmente a carne possui uma cor peculiar e um gosto um tanto diferente.
Mas é o único sanduíche que já me causou preocupações existenciais.

Nova Sorriso: Experimenta!

sexta-feira, setembro 19, 2003

Li isso e me lembrei dele.

Para Gabrig:

"Empunhando a faca-estrela de minha avó, eu imprimia pequenos cortes superficiais no caule do pinhão-roxo mais entroncado que logo pegava a chorar as lágrimas leitosas que eu aparava pacientemente, os pinguinhos e os pingões, na minha coité castanha. Nesse líquido embaciado, embebia uma das pontas do longo e verde canudo de mamoeiro, embicava-o bem para cima e soprava da outra extremidade. Ai então, sob o fundo das nuvens que viajavam risonhas, deflagrava-se o milagre! Da pequena gota turbada, hesitante, se balançando meio desequilibrada no oco do tubo vegetal, despencava-se a prodigiosa aparição: uma copiosa revoada de esferas de muitas cores misturadas de todos os tamanhos, bolinhas e bolonas, lépidas e viageiras, translúcidas e camaleônicas, a brincarem muito luminosas em cangapés de adeuses. Ah! Quem me dera agora mesmo me desatar da frágil condição de vivente para me desdobrar descarregado das amarguras e sem deixar rastros como elas...nascer repentinamente de um reles assopro na beirada de um canudo qualquer, também como elas, para vagar nestes ares vazios à mercê da mais imprevisível pancada de vento, lesando lá por cima como quem já não regula, à toa...à toa... e depois de assim exaurir ao léu todas as energias, não importa até onde nem quando, enfim implodir silenciosamente sem ser notado, ainda uma vez como elas...sem gritos de angústia nem gestos dramáticos, sem derramar sangue nem fezes ? e sobretudo, isso sim! ? sem padecer do ridículo no meio dos favores prestados a contragosto e dos cuidadinhos alheios que sabem a caridade. Quem me dera me despojar desta condição de vivente sem nenhum alarde, assim como um estranho ente que de súbito, governado por artes e magias, se desencanta do modo mais silente, mesmo sem o sofrimento refreado e invisível que acabou com minha avó. Simplesmente desmanchar-me na inaparência dos redondos volumezinhos furta-cores que me encadeavam num arco-íris de luzes e desapareciam borboleteando na mais cristalina leveza, na mais transparente candura, no mais sigiloso anonimato, sovertidos num bosquejo de dulcíssimo frêmito insofrido."

De Francisco J. C. Dantas, em Coivara da Memória, página 33.

Um dia eu ainda aprendo a fazer metáforas e textos poéticos como ele.

domingo, setembro 14, 2003

o homem talvez não fosse homem se não fosse a sua capacidade de transponer e construir elaboradíssimas barreiras. vejam a grande muralha da china, por exemplo. até então a maior construção humana que pode até ser vista do espaço (tá, não pode. mas deixa o clichê por hoje). uma barreira gigantesca que impediu, ou melhor, atrapalhou os mongóis de botarem para chegar lá para as bandas dos amarelinhos por um bom tempo.

as barreiras e os homens são imanentes e inerentes um ao outro (que bonito!). e não falo só das barreiras físicas, mas as morais, sociais, imaginárias, físicas, químicas, biológicas e - porque não? - psicológicas.

o homem cria barreiras para os outros ao mesmo tempo que tenta atravessar as barreiras que os outros constroem. veja no exemplo anterior que os chineses fizeram uma monumental obra de engenharia que foi monumentalmente falha contra o pequeno Khan. e podemos ir mais além e encontrar outros exemplos, como as mebranas celulares, as barreiras de mielina, os esfincters e o hímen e mudando de plano, os traumas e todas as norminhas sociais para um convívio correto e civilizado.

e toda essa introdução estapafúrdia e desnecessária foi apenas para chegar de maneira quase inteligente ao assunto do post: a barreira dos vinte anos.

o que é a barreira dos vinte anos? bem, se você possui menos de vinte anos, me desculpem, mas talvez nunca vocês entendam. pros velhinhos que freqüentam esse blog esse assunto não só é senso comum, como é também um tópico delicado.

a barreira dos vinte anos não é uma das barreiras rompíveis do ser humano, mas é uma das construídas involuntariamente e instransponível dentro da moralidade vigente. mas porque isso? ao término do décimo nono ano de vida, as pessoas misticamente digivolvem para um novo ser. você já acorda no próximo dia cansado, com rugas e rusgas com a vida. é uma passagem inescapável, que você tem que cruzar natoralmente e sem vaselina. você, depois desse hoje é velho. sim, velho. caquético. decadente. esclerosado. um velho.

esqueça suas atividade de adolescente e sua diversãozinha inocente. suas preocupações agora vão mais além do que queimar neurônios com o apelido que vão te botar depois que viram que você usa cuecas velhas. você não é mais adolescente. velho, lembre-se disso. e se você pensa que ainda é, pior ainda. é um velho babaca. você está muito mais perto dos quarenta do que dos dez anos. segunda dezena passada, já era.

e disso resulta algumas conseqüências. relacionamentos com pessoas do outro lado? nem pensar. pedofilia é crime e dá cadeia. e é inaceitável tanto moralmente como...uhm...bem, é inaceitável relacionamentos amorosos com pessoas de menos de vinte anos. se algumas pessoas o fazem, é apenas uma maneira tola de tentar se enganar da idade que tem. aprume-se! volta pro teu canto, ô velhote! qualquer tentação ou qualquer inclinação praquele gatinho do terceiro ano ou praquela ninfetinha de 19 anos na capa da playboy são moralmente inaceitáveis. get over it.

agora que o seu campo de caça está mais limitado, você deve aprender a caçar mais eficientemente. e o que faz um garotinho ou uma garotinha lubrificar o pijama não funciona mais, meus queridos. cantadas mais elaboradas, ou pelo menos mais sutis. e é claro, sempre estar alerta para a possibilidade de mais e mais foras e desencontros. porque? ora, porque o mundo é injusto e você não pode fazer nada para melhorar isso. e sempre tendo em mente o pensamento de que, se aos vintes não deu certo, já comece a treinar sua assinatura com "titia" na frente. sejamos realistas.

mas nem tudo é horrível ao chegar desse lado do muro. assim como não era tão ruim do lado ruim do muro de berlim, existe espaço para otimismo. por exemplo, você agora será admirado por um séquito de menininhos. se não admirado, pelo menos agradeça por ser respeitado. talvez você seja até chamado de "tio". lagriminhas rolarão, eu garanto. maturidade, responsabilidade, relevância. são palavras que até que enfim farão sentido (e não servirão apenas para enganar na redação do vestibular) e talvez sejam a linha permeadora de suas ações...ou não.

é amiguinhos, é um momento tipicamente traumático (e como foi pra mim...) mas deve ser encarado com a cabeça erguida e com pressa de viver. lembre-se que se você não fizer nada de importante antes do trinta você jamais fará algo grandioso, como já disse nosso amiguinho einstein (que fez o que fez ainda na segunda dezeninha).

mas bem, agora nesse momento uma barreira mental me impede de continuar no meu texto. então fico por aqui.

e até a próxima criançada.

sábado, setembro 13, 2003

Raphael Silva Nascimento e Seus Comentários Madrugais Inapropriados.

Esses dias eu tou me sentindo como um hímem complacente. Só tomando cabeçadas e tentando aguentar numa boa, porque eu vou me fudendo, me fudendo, mas tento não estourar tão fácil.

As vezes quando estou lendo um livro, vendo tv ou apenas vendo sites na internet eu me lembro de algumas pessoas e sinto uma vontade enorme de contar pra elas e dividir com elas o pequeno fragmento de memória que tive. minha melhor amiga, por exemplo, sabe muito bem quando eu ligo pra ela apenas pra dizer "po, eu li isso e me lembrei de você" ou "eu vi isso na tv e me lembrei de você". falo isso para apenas introduzir o próximo post e explicar o porque dele aqui. esse livro eu ainda não terminei, mas parei de ler (o que não é um problema, já que é uma coletânea de contos) e me lembrei dele através dessa menina abaixo. fique com o conto Nos Poços.

Para Lígia:

Nos Poços

Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê.



de Caio Fernando Abreu, do livro de contos O Ovo Apunhalado. E esse é um conto completo.

achei uma boa idéia e tenho mais um trecho guardado na manga do livro que estou lendo atualmente.

quinta-feira, setembro 11, 2003




então.
desde que me entendo como gente existe essa pessoinha em minha vida. e sempre, sempre que precisei ela esteve lá. e foi a pessoa que me fez mais feliz do que qualquer outra jamais faria. desde meus 15 anos essa é a principal protagonista de todos os meus sonhos e foi a mulher que abriu meus olhos para uma vida com um sentido e uma razão de existir. e crescemos juntos com planos em conjunto também. se há um porto seguro para mim, é ela e dela vem tudo o que me faz ainda continuar querendo viver (e ter-la) para sempre. mas por mais que eu tente resgatar o mínimo que seja em palavras, nunca eu vou conseguir exprimir o quanto eu amo essa menina. o quanto eu quero continuar escrevendo a nossa história. nem toda literatura do mundo vai enquadrar o que eu sinto por você.

mas se há uma palavra, uma frase ou qualquer outra coisa, vamos ficar com a mais comum: eu te amo.

(feliz aniversário de namoro, mari. =*)

quarta-feira, setembro 10, 2003

aulas começadas já com transtornos. taxistas de táxis lotação protestam aqui e quem se fode somos nós. pra quem não conhece a topografia aracajuana, para chegarmos à universidade temos que atravessar um rio por uma ponte, ponte essa que também serve de demarcação da fronteira entre as cidades de aracaju e são cristóvão, onde estudo. pois bem, os taxistas do lado de lá protestam fechando a ponte e quem ganha um dia a mais de aula sou eu. se nem ônibus chega na universidade, porque eu vou pra lá?
e para quem viu o jornal hoje de ontem, percebeu que no segundo dia de protesto os taxistas de são cristóvão ficaram mais assanhadinhos, queimando ônibus (quem viu o ônibus explodindo na tv? legal, ein?) e não permitindo a passagem de nenhum veículo motorizado pelas vias fronteiriças aracaju/são cristóvão e aracaju/nossa senhora do socorro. pois bem, nesse dia eu resolvo ir pra aula.
na verdade estou indo na universidade mais para cumprir tabela. afinal, estou lá só em corpo presente. não tem nada mais angustiante e sufocante do que aquele ambiente e minhas aulas/colegas/professores são apenas mais um lado do problema,e bem, um dos lados piores.
e para finalizar minha terça-feira uma caminhada básica na beira da estrada escura, cruzando ponte (a própria ponte dos protestos), invasão, campo de desova de cadávers e o escambau. sozinho e no escuro.
bem, pelo menos tive sorte de conseguir uma carona quando já estava quase me canonizando. valeu, meninas.

é isso aí, estou em aulas. o blog será menos atualizado, ou até mais. sei lá...

até.

segunda-feira, setembro 08, 2003

O Ai! Minha Santa Aquerupita! foi citado na seção "Blog Nota 10" da coluna do jornalista Luiz Gravatá n'O Globo.
Isso mesmo, n'O Globo.


Ah, sim..errr...é, meu nome está errado certo no site.


Nem sei o que dizer. Muito obrigado.


Update: Corrigiram o nome no site. Valeu Luiz.

domingo, setembro 07, 2003

sete de setembro.

eu tenho uma lembrança muito boa de sete de setembro. não vou dizer nada sobre patriotismo ou sentimentos nacionalistas porque realmente não me encaixo nesse perfil. pra mim, tudo foi uma encenação das mais típicas da américa do sul. coisa da televisa. e meu sentimento patriótico não vai muito além de gostar de viver na minha casinha desde que nasci. mas bem, vamos à lembrança.

sete de setembro pra mim era ir pro interior. pra casa dos meus parentes maternos, em Lagarto. nas grandes cidades é um costume muitas vezes inexistente ou até relegado para alguns gatos pingados, mas no interior o desfile de sete de setembro é um evento na cidade. em Lagarto especialmente (por ser o único lugar onde experienciei isso) o sete de setembro é bandinha das escolas da cidade desfilando na única avenida da cidade (bem, não única, mas maior) e todo o rol de coisas de desfile, como as porta-balizas e os estandartes das escolas. não tinham carros alegóricos, era uma coisa miudinha, mas cheia de um glamour caprichado e que mostra o trabalho do ano inteiro pra fazer um belo desfile. dava pra ver nos "doirados" e nos prateados, nas rendas e nos bordados, o suor de uma gente que se esforçou o ano inteiro pra fazer um desfile bonito.

minhas primas, as filhas da minha tia Nane, sempre desfilavam. na bateria, como porta bandeiras, etc. ou seja, sempre tinha alguém pra procurar com os olhos bem abertos, câmeras em punho. minha bisavó morava na avenida com meu bisavô e minha tio-avó. ela desde cedo punha cadeiras na porta para "guardar lugar" porque à tarde, estaria apinhado de gente pra ver as bandinhas e as meninas e os meninos desfilando no sete de setembro. Vovó Delice, como eu a chamava, tinha as mãos muito enrugadas e era muito doce comigo. Especialmente comigo, eu sempre achei. E tinha sempre surpresas pra nós quando íamos pra lá, como o "trocado pro sorvete" que sempre era bem mais que o nome sugere e tinha docinhos, maniçoba, majongome e a "carninha durinha" que ela fazia e eu adorava.

tinha pipoqueiro e doceiro nas ruas. tinham as crianças da minha família, que como eu implorava pelos doces e pela pipoca depois que cada bloco passava. eu reclamava sempre pra não ir. mas chegando lá a coisa era outra. me divertia e até hoje sinto uma coisa muito boa quando escuto as marchinhas que tocaram nos meus setes de setembro. era um corre corre pela manhã pra nos arrumarmos e pegar nosso camarote do lado de minha bisavó, que não perdia um desfile.

eu tinha medo dos moços dos bumbos que giravam as baquetas e tocavam cada um com uma técnica e uma maneira toda especial. eu tinha medo dele me acertar na cabeça e eu morrer ali. eu morria de medo e minha mãe concordava "sai de perto do meio-fio menino". mas eu sempre quis ser como um daqueles. e girar as baquetas amarradas em tecidos nas minhas mãos. quem sabe um menino também quisesse ser como eu? quem sabe eu fosse alguém pra se espelhar? eu sempre quis ser "o moço do bumbo" algum dia (não, nunca fui).

sempre nosso sete de setembro significou pra mim o feriado nacional pra ir pra calçada ver o desfile. mas depois que meu bisavô foi embora, e um certo tempo depois minha vovó delice, todo sete de setembro é igual ao oito de outubro ou o quinze de fevereiro. é um dia qualquer.


hoje eu joguei cartas e chequei meus e-mails.
droga de trânsito rápido da cidade.

acho que vi júnior-cover (um dos clássicos desse blog) de novo! foi de relance...não estava arrumado, mas de bermudas. mas acho que dançava ou se comunicava com o seu público invisível.
acho que foi isso que eu vi. a droga de trânsito da cidade não me deixa ficar parado no meio daquela avenida que rasga a cidade no meio sem que seja fuzilado por buzinadas. droga, droga, droga...
reformão no blog ao lado.
lugares que eu ia mas não linkava e lugares que não ia mais e continuava linkado e coisas do tipo.
vou continuar mudando, adicionar novas seções de links.
continua fuçando.

sábado, setembro 06, 2003

enquanto isso...

eu tento me acostumar à idéia da voltar à universidade. porque desde que comecei esse quinto período não consegui me acostumar. ainda não começou. estou em 2003/1. não comprei nem caderno nem lápis ou canetas. não comprei nem uma pasta sequer pra guardar as cópias que eu não tiro. não tenho quase nada a ver com nada naquele mundinho de academicismos e palavrinhas irritantes. o que me consola são os três gatos histéricos, às vezes. os felinos são os animais mais hipnotizantes que existem. outra coisa é o papo de bar em bar, de trailler em trailler, de mesa em mesa, de banco em banco. sem nenhum lugar fixo, indo aonde meus pares verdadeiros estão. mas as aulas apenas são a desculpa para eu sair da cama com o mínimo de vergonha na cara. chegando lá a vergonha e a moral se dissolvem no primeiro sorriso que eu ganho longe de tudo o que me faria ir pra lá antes.

eu não consigo ir sem sofrer. mas eu vou mesmo assim. se interessa a alguem, eu posso elaborar isso mais tarde. mas deixa eu dormir agora.

terça-feira, setembro 02, 2003


Ein? Cor...quem?


já ouviu falar nos ingleses Andy Barlow e Lou Rhodes, do dueto eletro/lounge Lamb? E no Dj japonês Keigo Oyamada, mais conhecido como Cornelius?

Não?

nem eu. e até hoje nem saberia que raios é que eles faziam até que finalmente chegaram os discos encomendados na semana passada.

"como assim, você não disse que nunca tinha ouvido falar? e COMPROU os discos?!?"

eu tenho uma coisa com discos e música que é normal para mim, mas assustadora para algumas pessoas. eu compro discos de bandas que não conheço nem nunca ouvi falar, sim. E daí?

eu tenho essa curiosidade com música que não me arrependo de comprar um disco sem saber do que se trata (desde que não muito caro) e depois descobrir a porcaria que é. acho muitas vezes que oportunidades são perdidas quando você apenas se liga em comprar as coisas que acabam caindo na sua mão ou que você "descobre" ao ler numa coluninha de jornal ou revista. muitas coisas boas aparecem e desaparecem sem nunca serem notadas simplesmente porque não apareceram no seu caminho antes de você pensar onde você vai gastar seu dinheiro. eu tenho exemplos de coisas muito ruins que comprei e acabei descobrindo serem coisas horridas (vide Dropkick Murphys, que ainda me causou uma lesão patelar). mas tenho muitos outros exemplos de coisas que fiz no "impulso" e acabei descobrindo paixões incuráveis. se não fosse eu ter comprado a trilha sonora de austin powers por 6 reais no supermercado (e mesmo quando nunca tinha nem ouvido falar daquele disco) não descobriria o quão lindo o Cardigans pode ser, e nunca descobriria uma das bandas que eu mais sou apaixonado de todos os tempos (e que até me daria uma relação muito boa com um componente da banda): The Broadcast.

pode me chamar de indie, de consumista, do que for. esse costume meu é algo que realmente me proporcionou coisas muito legais. dez reais é algo que você gasta numa noite em bebida (que no fim vira urina e tchau dinheiro), mas se você arrisca num disco, além de toda a emoção que vem do momento que você paga no caixa até a primeira impressão no som de sua casa ou carro (ou no meu caso, no tempo de postagem ) você pode ganhar uma paixão nova. ou pode dar de presente essa paixão à alguém. se nunca tivesse comprado aquele cd do Luna mesmo sem nem saber que raios me esperava com aquilo, mariana não teria mais uma banda para gostar (e olha que ela gosta de poucas).

os outros discos que acompanharam esses dois tiros no escuro foram o novo do Superchunk (que aliás foi um tiro no escuro mas com expectativas, afinal já conhecia a banda) e mais um pra minha coleção do meus galêsinhos preferidos do Gorky's Zygotic Mynci. uma banda que eu adoro e que advinha como descobri? comprando as cegas depois de ver uma piada num site sobre o nome da mesma.

esse post é um conselho humilde. arrisquem, apostem na sorte. comprem discos baratinhos só pela paixão e pela surpresa de descobrir novos sons e talvez encontrar novos vícios.

dica de um lugar bom por onde começar a procurar sua bandinha-desconhecida: PeopleSound.Com