sábado, setembro 13, 2003

As vezes quando estou lendo um livro, vendo tv ou apenas vendo sites na internet eu me lembro de algumas pessoas e sinto uma vontade enorme de contar pra elas e dividir com elas o pequeno fragmento de memória que tive. minha melhor amiga, por exemplo, sabe muito bem quando eu ligo pra ela apenas pra dizer "po, eu li isso e me lembrei de você" ou "eu vi isso na tv e me lembrei de você". falo isso para apenas introduzir o próximo post e explicar o porque dele aqui. esse livro eu ainda não terminei, mas parei de ler (o que não é um problema, já que é uma coletânea de contos) e me lembrei dele através dessa menina abaixo. fique com o conto Nos Poços.

Para Lígia:

Nos Poços

Primeiro você cai num poço. Mas não é ruim cair num poço assim de repente? No começo é. Mas você logo começa a curtir as pedras do poço. O limo do poço. A umidade do poço. A água do poço. A terra do poço. O cheiro do poço. O poço do poço. Mas não é ruim a gente ir entrando nos poços dos poços sem fim? A gente não sente medo? A gente sente um pouco de medo mas não dói. A gente não morre? A gente morre um pouco em cada poço. E não dói? Morrer não dói. Morrer é entrar noutra. E depois: no fundo do poço do poço do poço do poço você vai descobrir quê.



de Caio Fernando Abreu, do livro de contos O Ovo Apunhalado. E esse é um conto completo.

achei uma boa idéia e tenho mais um trecho guardado na manga do livro que estou lendo atualmente.

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