é quando você tá doente que a solidão mais te afeta. os olhos ardendo, querendo ter alguém querido em suas retinas. a cabeça pulsando, cansada de toda a sorte de coisas que te passam quando o quarto é escuro e frio. o corpo febril que tanto deseja dissipar sua quentura com o calor de outro corpo. a face maior do que a cabeça comporta, despejando humores e excreções e convertendo a dor em um olhar lúgubre, inchado e fora de foco.
o pretexto perfeito porém de esquecer que se é vivo e morgar numa cama por todo o dia. de esquecer da aula de psicopatologia geral I a professora cuspindo a baba branca na ponta do lábio pendurada vai cair doenças e sintomas de cabeças desreguladas. mas eu tenho a cabeça desregulada e ela dói e ela está febril agora.
é quando você está doente que a solidão mais te afeta. se numa hora dessas nenhuma química vem até você com copinho e carinho na cabeça enquanto você se engasga. nenhum algodão molhadinho nos olhos. nenhum cafuné. o corpo expulsando seus líquidos violentamente, expurgando a doença em ares quentes que emanam de uma garganta afetada e dolorida.
- vai se foder, sua bicha. é só uma gripe!
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