domingo, outubro 12, 2003

Edith Piaf, de tragédia e ilusão...



A parisiense filha de um princípio de século belicoso e destruído conquistou o mundo do alto de uma voz que a elevava à estatura que não tinha.

Nascida em 19 de Dezembro de 1915, filha de dois artistas circenses, Edith Giovanna Gassion fazia sua estréia no mundo debaixo de uma lamparina à gás, numa rua fria e desolada da noite em Paris. Sua história convidaria à olhares descrentes e certamente figuraria nas grandes obras de ficção se não fosse verdade.

O pai, Louis, era acrobata e serviu na primeira guerra mundial. A mãe, Anetta, uma cantora que por anos teve de se sustentar cantando em cafes e halls pela cidade, logo a abandonou aos cuidados da avó alcóolista. Louis, ao voltar da guerra, encontra a pequena Edith muito doente e maltratada nas mãos da mãe de Anetta e a leva para morar com sua avó paterna, Albeit, uma cozinheira de um bordel na Normandia. Adotada pelas putas e pelos cafetões, a mascote Edith criou-se num ambiente boêmio e desestruturado, no pior lugar em que uma criança poderia estar.





Aos seis anos, mudou-se com o pai para um hotel perto de onde nascia. Era sua primeira volta triunfal à belle Paris. Trabalhando nas ruas com seu pai, cantando e entretendo as multidões desenganadas e desesperançadas numa cidade cujo brilho era opaco frente toda a destruição da guerra, Edith passou anos na pobreza e no sofrimento. Até que alçou seu primeiro vôo solo.

As ruas de Paris foram seus primeiros palcos, atraindo seus primeiros espectadores, Edith cresceu seu nome quando postava sua voz melancólica e áspera. A lenda nascia do ambiente degradante que desde cedo Edith frequentara. Putas, cafetões, gangsters, era neles que ela encontrava um "abrigo" para todo o sofrimento que ela encerrava em seu pequeno corpo frágil. Depois das perseguições moralistas, de séries de derrotas e vitórias, Edith foi construindo sua carreira baseada nas belas canções que compunha - e que refletiam a vida triste e a pobreza em que viveu - e chegou a se tornar a estrela mais bem paga do mundo, vendendo milhões de discos numa época em que isso era um luxo para poucos.



Apesar da fama, seu coração sempre esteve ligado àquele ambiente degradante da suburbana Paris, dos bordéis e cafes, e foram vários os homens em sua vida, como foram várias as decepções e derrotas com a vida que desde cedo pregava suas peças nela. Morreu pobre, vítima de sua vida. Mas deixou canções eternizadas, fotografias sonoras de uma gama de sentimentos que nos tempos modernos não se encontra parâmetros.

E para quem também ainda se emociona com ela, um documentário muito bonito, recheado com imagens da cantora em vida e da Paris da época está passando essa semana no GNT.



Documentário que mostra a vida da cantora pela perspectiva de seus numerosos relacionamentos amorosos. De Paul Meurisse a Charles Dumont, passando por Yves Montand e Marcel Cerdan, seu leque de affairs é substancial. E as canções de sua vida sempre estiveram ligadas a seus amores.
domingo - 12h30
terça - 20h00
quarta - 02h00
sábado - 12h30


Edith Piaf faleceu em 63, deixando um legado eterno.

conheça mais sobre ela aqui

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